e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

sábado, 31 de maio de 2014

raíz, antena


 

My dear de novo


Travessia por túneis escuros
comboios demorados
lâmpadas acesas
Mapa do sem fim pelo sertão de si, podemos começar?

Tento (haja tentação), deletar o primeiro verso do “Ulisses”, de Pessoa, em mensagem clara e direta que nega e depois afirma na cara de quem lê: “O mito é o nada que é tudo”. Silêncio na travessia de adros, pontes, restos do cotidiano dos quais são feitos sonhos, mitos, continuamos?  

Os versos, como o corpo, às vezes zunem, eu sei, falta muito
para que a luz azule na escuridão da sala e o pau não quebre.
Em tempos de comissão da verdade, reluz a porção violenta que o tempo escondeu.
Abrem-se, sem censura, as trilhas dos reis nus em detalhes, podemos ler?

Túnel noturno com trilha sonora de tosse cega
sonorizada por uma mancha lambida que vira
raíz, antena?

 
 
 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Getúlio Ramos


Confesso que fui ver, com o pé atrás, o filme do João Jardim. Tony Ramos como Getúlio Vargas?

Este personagem me seduz em qualquer formato: seja o livro do Cony, o filme da Ana Carolina, a peça do Gullar, o Agosto do Rubens Fosenca, a minisérie da TV Globo ou exposição dos 50 anos no Palácio do Catete, saio sempre muito mexido. A cada releitura, Getúlio confirma-se a metáfora do Brasil no século XX. Síntese moderna e contraditória do que somos desde ele, com algumas mudanças, claro, mas tudo muito lento. Como convém a um povo conhecido pelo seu “jeitinho”. Um país jovem e belo, com dificuldades de lidar com o passado.

Escrita no final do filme, a frase de Tancredo Neves – que relaciona os militares do contexto da era Vargas com a ditadura militar dos anos 60 –, é um achado. Conecta.  Sinaliza também a porção trágica de Minas Gerais, na história do Brasil, desde Tiradentes, passando por JK, dentre outros. “Bruxo... que revive em mim tantos enigmas” - Getúlio lido por Carlos Drummond. Além do poeta mineiro, sabemos que foram, no mínimo, enigmáticas as relações do presidente gaúcho com outros autores e personagens históricos como Olga Benário, Graciliano Ramos e Stefan Zweig.

Tony como Getúlio? Sim. A imagem não sai da minha cabeça. Principalmente pela composição minunciosa e ritmada. Após 50 anos de carreira, um ator renasce novinho em folha. Direção e elenco de parabéns.  Mesmo um certo  didatismo do filme é bem vindo, neste momento em que a Comissão da Verdade mostra um pouquinho do nosso passado violento que temos dificuldade em reler. No link abaixo, com imagens e textos do século passado, o meu Getúlio:
 
http://arquivodeformas.blogspot.com.br/2009/07/eu-getulio-fragmentos-do-modernismo.html


segunda-feira, 19 de maio de 2014

Escritas do sertão na cultura moderna




Caro(a)s inscrito(a)s para o curso de extensão na UFRRJ
Devido aos jogos da Copa, o feriado de 13 de junho, em Nova Iguaçu, e a aproximação do término desse semestre atípico, o curso planejado para junho/julho foi adiado para agosto/setembro/2014. Aos alunos selecionados que desejam participar do curso no segundo semestre, peço que confirmem, por favor, até 31 de maio, a sua participação através do email abaixo, já que as inscrições foram encerradas e há fila de espera.

minisertao@bol.com.br
 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Curso de extensão

 

UFRRJ – IM – DEPARTAMENTO DE LETRAS
Campus de Nova Iguaçu 06/06 a 25/07 - Certificado de 30 h
Professor: Dr. Raimundo Nonato Gurgel Soares

Literatura e margens: escritas do sertão na cultura moderna

Ementa: Os sertões e desertos onde se produzem as memórias culturais e subjetivas nos textos de Euclides da Cunha, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Juan Rulfo, Vargas Llosa, Ricardo Piglia e César Aira. Nos intertextos com a tradição literária e demais procedimentos culturais deste "cânone", ecoam as vozes de dois "bruxos" atentos ao “instinto de nacionalidade” e aos mitos que o interior e as suas culturas produzem: Machado de Assis e Jorge Luís Borges. Floração da prosa nas margens onde o diferente e o problemático se identificam com o novo em trânsito, o "entre-lugar" onde a unidade não conta. Figurações das identidades multiculturais nas linguagens e na “cor local” onde a vastidão do campo obriga ao corpo a escassez das águas e a idealização das serras. O evangelho da falta nas falas de Antonio Conselheiro, Luiz da Silva, Riobaldo, Macabéa, Juan Preciado e Emilio Renzi. Pegadas destes camponeses, jagunços,  gaúchos, migrantes e mestiços que narram suas fomes neste violento miniSertão de sedes e alguma poesia: “Cada vivente tem o seu sertão. Para uns são as terras além do horizonte e para outros, o quintal perdido da infância” (Oswaldo Lamartine).
 
Plano do Curso 
"Goethe nasceu no sertão"
Guimarães Rosa

06/06 – AULA 1 –  O sertão é o mundo        
História e crítica: Literatura como Missão, Nicolau Sevcenko e
Comunidades imaginadas, Benedict Anderson
Poesia: Retratos relâmpagos, Murilo Mendes
Filmes: Brasil Sertanejo, Isa Ferraz e Viajo porque preciso..., Marcelo G e Karin A

13/06 – AULA 2 – Os sertões e alguma coisa do temperamento nacional
Ensaio e ficção: Os sertões, Euclides da Cunha e A guerra do fim do mundo, Vargas Llosa
Filme: Deus e o diabo na terra do sol, Glauber Rocha e Guerra de Canudos, Sergio Rezende

 04/07 – AULA 3 – “uma rosa de Guimarães nos ramos de Graciliano”
 Ficção: Angústia, Gaciliano Ramos e Grande sertão: veredas, Guimarães Rosa
 Poesia: "Graciliano Ramos", João Cabral de Melo Neto e "Madalena", Ana Chiara
 Filmes: Memórias do Cárcere, Nelson Pereira dos Santos e Cinema falado, Caetano Veloso

 11/07 – AULA 4 – Os sertões de Clarice y el vacío en la tierra de Rulfo
  Ficção: A hora da estrela, Clarice Lispector e Pedro Páramo, Juan Rulfo
  Filmes: A hora da estrela, Suzana Amaral e A paixão segundo C L, Nonato Gurgel (vídeo)

 18/ 07 – AULA 5 – Literatura e margens
 Ficção: Ficções (As ruínas circulares e A forma da espada), Borges e Alvo Noturno, Piglia
 Teoria: Pequeno Manual de procedimentos (A cidade e o campo), César Aira
 Vídeo: miniSertão.com, Arthr S, Gustavo, Gabriele e Mariana



30 vagas
Inscrições até 20 de maio: minisertao@bol.com.br