e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Frases do Ano III



O mundo ama o Rio.

O Rio é a esperança da África um dia sediar as Olimpíadas.



Carlos Arthur Nuzman, Presidente do COB, TV Brasil, 2009

domingo, 29 de novembro de 2009

Frases do Ano IV




... Este novo Frankestein espetacular, que realizou em sua metamorfose milionária e sinistra o estatuto autoritário da técnica, do dinheiro e da mercadoria sobre o corpo humano e sobre as relações do sentido das coisas, acabou por virar, e revelar, o pesadelo americano...


Tales Ab’sáber, “Ruínas do pop”, Folha de São Paulo, Julho de 2009

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Frases do Ano V



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"E tu quem és para pores à prova o que tu mesmo criaste..."
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Às insolências reacionárias da Igreja Católica há que responder com a insolência da inteligência viva, no bom sentido, da palavra responsável. Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias pelos presumíveis representantes de Deus na terra, a quem na realidade só interessa o poder.

José Saramago, Agência Lusa, Outubro, 2009.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Frases do Ano VI









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Ela era mais mística do que escritora.


A beleza dela incomodava as pessoas.


Sua liberdade foi uma conquista muito sangrenta.



Benjamim Moser, biógrafo americano de Clarice Lispector
UFRJ, Praia Vermelha, 24 Nov, 2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Frases do Ano VII





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Fernando Henrique Cardoso foi um presidente da República limítrofe, transformado, quase sem luta, em uma marionete das elites mais violentas e atrasadas do país. ...Em 1994, rodei uns bons rincões do Brasil atrás do candidato Fernando Henrique, como repórter do Jornal do Brasil. Lembro de ver FHC inaugurando uma bica (isso mesmo, uma bica!) de água em Canudos, na Bahia, ao lado de ACM, por quem tinha os braços levantados para o alto, a saudar a miséria, literalmente, pelas mãos daquele que se sagrou como mestre em perpetuá-la. Numa tarde sufocante, durante uma visita ao sertão pernambucano, ouvi FHC contar a uma platéia de camponeses, que, por causa da ditadura militar, havia sido expulso da USP e, assim, perdido a cátedra. Falou isso para um grupo de agricultores pobres, ignorantes e estupefatos, empurrados pelas lideranças pefelistas locais... Uns riram, outros se entreolharam, eu gargalhei: “perder a cátedra”, naquele momento, diante daquela gente simples, soou como uma espécie de abuso sexual recorrente nas cadeias brasileiras. Mas FHC não falava para aquela gente, mas para quem se supunha dono dela.


Leandro Fortes, "Adeus, FHC", Blog Brasília, eu vi, 2009

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Frases do Ano VIII










... mais recentemente, a FLB vem sendo elevada a alturas que não merece. De fato, alguns o situam ao lado de Casa-Grande & Senzala e Raízes do Brasil como interpretação do Brasil, o que é constrangedor pelo exagero e equivocado como juízo. Não apenas a sua escala é incomparavelmente mais modesta, mas as interpretações pressupõem a abordagem da realidade social diretamente registrada na documentação, sendo por isso efetuada por historiadores, sociólogos, economistas. Ora, a literatura é uma transfiguração da realidade, de maneira que não pode servir de base para as interpretações.
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Antonio Candido, Zero Hora, 2009
(50 anos da publicação da FLB)

domingo, 22 de novembro de 2009

Frases do Ano IX



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...já fui um bobo que acreditava no poema como essência. Hoje o arrasto o máximo possível para junto da prosa, onde pelo menos não vejo a linguagem andar com aquele narizinho empinado de quem trava relações privilegiadas com o oculto e o mistério. Como é ridículo agir assim no chiqueiro cotidiano, espremidos entre o favelizado comércio criminal e o fascismo assassino dos choques de ordem. E olha que eu vim de uma ideologia estética que considerava a linguagem poética em oposição à linguagem cotidiana, que seria “automatizada” e “não-criativa”, mera moeda de troca. Hoje até os formalistas russos entenderiam que a linguagem poética é que está automatizada na sua caixinha de sonoridades, enquanto a linguagem cotidiana exerce a criatividade possível e impossível de quem enfrenta o contato furioso da existência.

Carlito Azevedo, Jornal do Brasil, 2009

sábado, 21 de novembro de 2009

Frases do Ano X



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"No mundo atual está se investindo cinco vezes mais em remédios para virilidade masculina e silicone para mulheres do que na cura do Mal de Alzheimer. Daqui a alguns anos teremos velhas de seios grandes e velhos de pau duro, mas eles não se lembrarão para que servem "


Dráuzio Varella, médico e escritor

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Oração Pela Libertação da África do Sul

Se o rei zulu já não pode andar nu
Salve a batina do Bispo Tutu

Ó Deus do céu da África do Sul
Do céu azul da África do Sul
Tornai vermelho todo sangue azul

Já que vermelho tem sido todo sangue derramado
Todo corpo, todo irmão, chicoteado, yê
Senhor da selva africana, irmã da selva americana
Nossa selva brasileira de Tupã
Senhor irmão de Tupã, fazei
Com que o chicote seja por fim pendurado
Revogai da intolerância a lei
Devolvei o chão a quem no chão foi criado

Ô Cristo Rei Branco de Oxalufã
Cristo Rei Branco de Oxalufã
Zelai por nossa negra flor pagã

Sabei que o papa já pediu perdão
Varrei do mapa toda escravidão

Gilberto Gil

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Dia Mundial da Filosofia




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Aristóteles - Filósofo grego, discípulo de Platão e precptor de Alexandre
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Comemorado na terceira quinta-feira do mês de novembro, o Dia Mundial da Filosofia foi instituído pela UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

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Toda ação principia mesmo é por uma palavra pensada.

Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas

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... pensamentos que vêm com pés de pomba dirigem o mundo...

Nietzsche, Ecce Homo

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O pensamento, por si mesmo, todavia, não move coisa alguma, mas somente o pensamento que se dirige a um fim e é prático; realmente, esta espécie de pensamento dirige também a atividade produtiva.

Aristóteles, Ética a Nicômaco

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Lendo no metrô

Foi quando a luz
voltou e vimos
o rosto da jovem
que se picava junto
à mureta do Aterro,
a camiseta salpicada,
a seringa suja.
“Nenhum poema
é mais difícil
do que sua época”,
você disse
em meu ouvido
sem que eu soubesse
se era a ela que se
referia ou se ao livro
que passava das mãos
para o bolso
da jaqueta.
Distinguimos
lá longe
a Ilha Rasa,
calçamos
os tênis
e seguimos
sem atropelo
sentido enseada.


Carlito Azevedo, Monodrama, 2009

domingo, 15 de novembro de 2009

Ternura Explicada



Para Claudia Fabiana, amiga querida que fez a foto da Ana Kutner com o Paulo José

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A peça Um Navio no Espaço ou Ana Cristina Cesar inicia pelo “Epílogo” do livro mais famoso da poeta: A teus pés. Começa com a mala, as luvas e os cartões postais que a narradora passa. Essa cena inicial é um belo achado. Imagem repleta de alegria e tesão que, de cara, fisga a platéia. Ana Kutner passa literalmente os cartões - e as luvas - à platéia. Quem estava nas três primeiras filas conferiu. O meu cartão é uma ilustração do Giorgio Berto que, sintomaticamente, fala de martírio. Vou guardar este cartão meio desbotado (e sincrônico) nos meus arquivos mais secretos.

Paulo José faz... Paulo José. Ele é o diretor dos Casos Verdades que a TV Globo apresentava nos anos 80. Como analista de textos da TV, Ana C analisava, recém chegada de Essex, os tais textos. “Espinafrava”, segundo o ator, estes programas televisivos. Somente quando leu A teus pés, o ator entendeu melhor essas análises. Agora ele narra, canta, escreve, indaga... Fala como ator, autor, leitor... No seu discurso ecoa as vozes do pai e interlocutor da Ana C. Sua atuação - didática, afetiva - auxilia em muito na compreensão dos roteiros da vida e da obra da poeta que dizia não conseguir explicar a própria ternura, e afirmava não saber que "virar pelo avesso é uma experiência mortal".

A peça mantém intertexto com os autores modernos e amados por Ana. Lá estão Baudelaire, Mário de Andrade, Fernando Pessoa, Jorge de Lima... Presentes estão também as vozes da geração da Contracultura, como Torquatro Neto e Caio Fernando Abreu. Caio F, segundo Heloísa Buarque de Hollanda, é o masculino de Ana C. Por isso os trechos de Morangos Mofados dialogam, de forma certeira, com os escritos de Ana C, sejam eles cartas, diários, ensaios ou poemas... Até os Cadernos Terapêuticos da poeta surgem na reta final como um dos principais “personagens” da peça.

Os cenários (misto de navio-trapézio-cadeira-balanço...) merecem mencão especial. Os vídeos, os livros, a luz e a trilha sonora acentuam, de forma leve e exata, o ritmo dos diálogos e dos atores em cena. Nada é gratuito. O grito final do Paulo, na hora do salto da poeta, ecoa após o próprio salto. Assim como o texto da poeta, esse grito perdura. Como os poemas e as micro narrativas de Ana, a peça pede biz. Feito bliss e sua perene procura. Ternura, enfim, explicada.

sábado, 14 de novembro de 2009

Lula e Ana C.



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Dizem que na pré-estréia do filme Lula, o filho do Brasil, em Brasília, até adversário saiu comovido. Na sessão que o diretor Fábio Barreto* promoveu na quinta-feira passada, aqui no Rio, não foi diferente. Muitos dos convidados saíram "com cara de choro", segundo o Joaquim da Coluna Gente Boa.

"É um filme de esclarecimento da alma humana. O que a gente pode fazer se o Lula é o maior estadista do século?", perguntou Jorge Mauther. O filme só entra em cartaz no primeiro dia de 2010. Prometo comentar aqui no mesmo dia.

Enquanto isso, espero a Primavera dos Livros, a árovre de Natal da Lagoa e a vinda da minha amiga TT Bezerra. Hoje vou ver a peça sobre a vida e obra da Ana C. Amanhã comento. Sem apagão, please, que ninguém é bobo...


* Para quem tem problema com o fato do Lula não ser formado, segue uma informação inútil feito o problema: o diretor do filme, assim como Machado de Assis, também não possui formação acadêmica.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Adriano Espínola

Indagado acerca de Malindrânia - o título do seu novo livro, o poeta e professor diz: "trata-se de uma cidade imaginária, impossível, utópica, onde o personagem (Dom Quixote) do conto homônimo tenta chegar."

Malindrânia











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Este é o título do novo livro do poeta imperador Adriano Espínola. Estudioso da obra de autores como Gregório de Mattos (As Artes de Enganar) e Sousândrade (Melhores Poemas de Sousândrade), o autor do premiado Praia Provisória finaliza a década prometendo outras páginas para o mundo das letras. Nesta sexta, na Travessa de Ipanema. Clique no flyer para ampliar a leitura.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

niver de Nat


















Hoje é o niver de Natália Simões. Além de estudar Literatura e Teatro, ela é a moça mais bonita da Glória. Por isso, transformo em post um trecho do seu comentário em torno do meu texto sobre o livro Saga Lusa, de Adriana Calcanhoto. Ouçam Natália:

Parece ser bem prazeroso, além de ter a questão da contemporaneidade e do pertencimento (quer queira ou não, a gente sempre vai tentar levar a leitura para as nossas experiências pessoais, fazendo-se reconhecer nos textos (reconhecimento este da pessoa em si ou de uma situação defrontada). Acho que o imaginar ou o pensar a literatura já está carregado dessas questões subjetivas. Eu discordo... quando dizem que a literatura é completamente independente do reconhecimento. Não sei, mas acho que vc cria em cima de uma criação. Este ato de criar não é puro, mas já está carregado de um conhecimento, de uma experiência pessoal. Quem nunca se imaginou na “pele” de algum personagem? No caso deste livro, essa pele parece estar mais “epidérmica” ao leitor moderno e “encriseado”. ... considerando esse texto da Adriana tão atual (não só por serem experiências contadas, o que dá um tom de "familiaridade", mas sim por tratar-se de coisas tão comuns ao ser humano, como o somatório de situações que podem levar o indivíduo a um surto); é possível inferir o prazer de tal leitura. Não sei se foi proposital o que vc escreveu, mas quando li a seguinte frase- "Diz muito da nossa condição doída, mas sem drama, encarando a Coisa"- , acabei não percebendo o acento da palavra doída e li como "doida". Achei fantástico, pq temos esse lado doido de encarar as coisas, e que, inclusive, é exigido pela sociedade. Quando percebi a tonicidade, achei mais legal ainda, porque remete ao sofrimento que a obrigação dessa "doidera" nos causa. É preciso ser doido sem dor (ou melhor, sem aparentá-la).

Leonardo Cohen – That’s an order!

l
Give me back my broken night
my mirrored room, my secret life
it's lonely here,
there's no one left to torture
Give me absolute control

over every living soul
And lie beside me, baby,
that's an order!

The Future,1992

domingo, 8 de novembro de 2009

Leonard Cohen – o ex-estranho


So come, my friends, be not afraid
We are so lightly here
It is in love that we are made
In love we disappear --
All the maps of blood and flesh
Are posted on the door

Boogie Street, 2001

sábado, 7 de novembro de 2009

Leonard Cohen -- as canções que você fez para mim


Ring the bells that still can ring
Forget your perfect offering
There is a crack in everything
That's how the light gets in

Anthem,1992

Graffitis



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Não fosse por você eu não notava essa cidade


O meu amor pelas misérias
me leva,
me trouxe,
roça o que interessa
e fez de mim alguém que eu sou hoje
...

Adriana Calcanhoto, 1992

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Lévi-Strauss (1908 - 2009)








No Brasil
na década
de 30
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"Uma civilização proliferante e sobreexcitada perturba para sempre o silêncio dos mares! Os perfumes dos trópicos e o frescor das criaturas estão viciados por uma fermentação de bafios suspeitos, que mortifica nossos desejos e fada-nos a colher lembranças semicorrompidas."
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Tristes Trópicos, 1955

Lévi-Strauss lê Montaigne


Trecho da entrevista de Lévi-Strauss – o fundador da antropologia moderna, para o Jornal Folha de São Paulo, em 1993.
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FOLHA - O SENHOR SEMPRE TOMOU O PARTIDO DA CIÊNCIA, MAS, NA RELEITURA DE MONTAIGNE QUE FAZ EM A HISTÓRIA DO LINCE MOSTRA TAMBÉM SUAS DISTÂNCIAS EM RELAÇÃO A UMA FÉ NO CONHECIMENTO. O SENHOR SE TORNOU MAIS CÉTICO EM RELAÇÃO À CIÊNCIA?

LÉVI-STRAUSS - A lição que tirei de Montaigne é que estamos condenados a viver e pensar simultaneamente em vários níveis e que esses níveis são incomensuráveis. Há saltos existenciais para passar de um a outro. O último nível é um ceticismo integral. Mas não se pode viver com ceticismo integral. Seria preciso se suicidar ou se refugiar nas montanhas. Somos obrigados a viver ao mesmo tempo em outros níveis em que esse ceticismo está moderado ou totalmente esquecido. Para fazer ciência, é preciso fazer como se o mundo exterior tivesse uma realidade e como se a razão humana fosse capaz de compreendê-lo. Mas é "como se".

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Identidade













... é próprio da nossa condição subjetiva - de nossa precária condição - fixarmo-nos num determinado modo de funcionamento, insistirmos num determinado modelo econômico, aferrarmo-nos a uma certa posição na existência. Fixação, insistência e apego que, apesar de serem construídos, apesar de serem ficções, nos fixam, nos constrangem. Fixam em nós um modo de ser tão monótono, tão repetitivo, que acabam por engendrar em nós uma identidade, um nome, um destino.
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A Psicose, Neusa Santos Souza

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"A morte... meu personagem predileto"


1983 a.c.

ceifo poesia
no teu pasto

cometo crime
com requinte
no teu pique

redomo feras
da paixão vi-
lã via verbo

tecemos fios
dos Escritos...
e Inéditos...

pela morte
eles safam-se
no teu gesto

saídas apuram
A teus pés