Nelson
Rodrigues é o autor brasileiro que mais vi do que li. Primeiro vi Nelson via Jabor:
“Herculano, aqui quem fala é uma morta” – nunca esqueci a voz de Darlene Glória
girando no gravador. Eram as primeiras cenas do filme “Toda nudez será castigada” e meu primeiro espanto no universo rodrigueano. Primeiros passos na educação
sensorial.
Dizendo-se
cristão, o autor de “Vestido de Noiva” (1943) rasurou as cartilhas religiosas e
estéticas do Brasil moderno. Questionou bulas ideológicas, da esquerda e da
direita, no contexto ditatorial dos anos 70 e 80. Afirmava ser Marx uma besta. Como
rezam as imagens dos mais de 20 filmes baseados em sua obra, o sexo atrapalha o
amor.
No universo
pujante e contraditório dos afetos e das paixões, o autor pernambucano que melhor
encenou o corpo e a alma da classe média suburbana era provocador: dizia que só
as mulheres normais gostam de apanhar; afirmava ser preciso paixão até para
chupar um picolé.
2 comentários:
Professor, gosto muito do NR e do blog, mas assim como a gente sabe que Marx não é uma besta, não seria o amor que atrapalha o sexo?
Abraço
Paulo
caro Paulo, voltem sempre, vc e suas perguntas.
abraço
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