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escritos de Nonato Gurgel

e todo caminho deu no mar

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"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

negra é a mão

  
Para Eduardo de Assis Duarte,
que me ensinou a ler
o caramujo negro
 

pintura de Rugendas, séc XIX
 
 

A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos,
como terá sucedido a outras instituições sociais.
... Um deles era o ferro ao pescoço... havia também
a máscara de folha de Flandres. ... Era grotesca
tal máscara, mas a ordem social e humana nem
sempre se alcança sem o grotesco,
e algum vez o cruel.
 
Machado de Assis, "Pai contra mãe"
in Relíquias de Casa Velha


Tradição

sob a vasta bigodeira de machado
os lábios da raça escondidos acho
a lâmina do riso e o discreto escracho

em cruz fico muito à vontade
para reunir setas de revolta
angústia e cravos
...
chego junto com os mano
nossa vida
muito tato e tutano

Cuti, Negroesia


 
 
p.s. 1
 
Brasil, último país a abolir a escravidão?

p.s. 2

O Rio de Janeiro foi a maior cidade escravista do ocidente.
No século XIX mais da metade da população era escrava.

p.s. 3

Negra é vida consumida ao pé do fogão
Gil, primeiro ministro negro

p.s. 4

-->
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/samuel/38587/numero+de+negros+em+universidades+brasileiras+cresceu+230+na+ultima+decada+veja+outros+dados.shtml
 

 
Postado por Nonato Gurgel às 10:46
Marcadores: Cultura, Letras, Violência

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Rio, fé na Paisagem

Rio, fé na Paisagem
O Rio de Janeiro é uma cidade cujas formas – naturais, urbanas, históricas, culturais – abastecem com luminosidade e ritmo o corpo de quem anda por suas ruas. Esse abastecimento luzidio faz com que os pés vejam, os olhos ouçam, as narinas optem. Por isso o corpo fala, dialoga com o entorno. Leitora diária da paisagem carioca há mais de duas décadas, Jussara Santos ouve o diálogo que a natureza e a cultura vêem tramando por aqui desde 1565, quando Estácio de Sá fundou o município de São Sebastião do Rio de Janeiro.


Nonato Gurgel sobre Painéis do Rio

Baía Formosa revisited


no meio
do caminho
disse a brisa

a sua história
é mais bonita
que a do Bandeira:

ir para o Nordeste
viver de brisa
com Anarina

sem cacto
no meio
da rua
nem pedra
no meio
do caminho



Ouro, um beijo




... Atenta aos ciclos do tempo, Ouro Preto nos olha. Mas a cidade não se entrega ao primeiro olhar de quem a visita ou vê. Seus mais de trezentos anos emprestam-lhe a segurança de quem sabe ser o tempo o pai da forma. Suas fachadas falam. Seus vãos, as treliças e as janelas (fechados ou luzidios) estão sempre a nos espreitar, possibilitando um diálogo óptico através do qual somos mais vistos que vemos. Em Ouro, a luz é sem data, diz Cecília Meireles. Aqui, uma luminosidade suave (nunca indecisa) namora a pele secular das paredes. Esse namoro entre a luz e a pedra leciona uma lição que nos ensina serem a leveza e a superfície princípios vitais da existência e da criação.





Ouro Preto, 2001





Pureza


um grilo estupra o silêncio

Coimbra é uma lição


No centro de Portugal, no coração do país encontra-se sua mais antiga universidade . Em Coimbra estudaram escritores fundamentais da literatura portuguesa, como Almeida Garret e Eça de Queiroz, dentre outros. Como na canção eternizada por Amália Rodrigues, no Olympia, "Coimbra é uma lição". Por suas tradições culturais e pela suntuosidade do seu passado histórico (aqui nasceram vários reis lusos), a cidade estará sempre a lecionar aos seus transeuntes. A lição é dada na rua, ao vivo, frente aos monumentos que os turistas devoram através de lentes esfomeadas. Mas, se a lição entoada na antiga canção era feita "de sonho e tradição", a lição de hoje, a que está nas ruas, possui bem curta a sua porção onírica. Não há lágrima pela fragmentação existencial, como nos tempos de Garret, nem sonhos pixados nas paredes de hoje. O tempo urge nas mentes jovens da cidade antiga, de ritmos lentos, onde os templos do Mc Donalds convivem, sem atrito, com igrejas seculares. Nenhuma utopia inscreve-se nos muros brancos desta cidade linda, habitada, em 2013, por mais de 30 mil estudantes do mundo inteiro. Eles reinam nas ruas. Com suas ostentosas torgas pretas, eles voam feito anjos negros sempre em busca. Isso pode ser lido nas linguagens das ruas. Como no grafite escrito a carvão, num muro branco, próximo a universidade: "parecem bezerros a gritar, animais". Outro grafite parece traduzir a crise e o grito ancestral que emana deste grafite anterior: "somos filhos do Euro = Nada". Atento a estes grafites, geralmente escritos nos espaços históricos e mais asseados da cidade, fui surpreendido por um grafite oral, por uma epígrafe ao vivo, na estação de comboios Coimbra B. Lá, uma transeunte cuja mala parecia lhe pesar, disse para o senhor ao seu lado: "Comboios, ao contrário dos passageiros, dificilmente saem dos trilhos". A jovem senhora não sabia de algo que mudaria o roteiro de nossas viagens, e a noção de pontualidade que foi sempre tão cara aos europeus: o trem que ali esperávamos, atrasaria cerca de 40 minutos.

Coimbra é, para sempre, uma inesquecível lição do tempo.



Ponta negra


tinha uma brisa no meio do caminho

Santiago de Compostela


o passado brota produtivo

Jardim do Piranhas


pro Piranhas fluir feliz

todo rio é pre-
texto de olho fixo
que o fite e flua
na busca de lê-lo

na lição do rio
cursa-se seu curso
nos discursos hídricos
nas memórias líquidas

nada lírica
épica perene


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Nossa língua é os pés
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