e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

domingo, 22 de novembro de 2009

Frases do Ano IX



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...já fui um bobo que acreditava no poema como essência. Hoje o arrasto o máximo possível para junto da prosa, onde pelo menos não vejo a linguagem andar com aquele narizinho empinado de quem trava relações privilegiadas com o oculto e o mistério. Como é ridículo agir assim no chiqueiro cotidiano, espremidos entre o favelizado comércio criminal e o fascismo assassino dos choques de ordem. E olha que eu vim de uma ideologia estética que considerava a linguagem poética em oposição à linguagem cotidiana, que seria “automatizada” e “não-criativa”, mera moeda de troca. Hoje até os formalistas russos entenderiam que a linguagem poética é que está automatizada na sua caixinha de sonoridades, enquanto a linguagem cotidiana exerce a criatividade possível e impossível de quem enfrenta o contato furioso da existência.

Carlito Azevedo, Jornal do Brasil, 2009

2 comentários:

bentinho disse...

é, e ainda tem gente atrás de trabalho de linguagem, arghh!

tete bezerra disse...

Saudades das nossas andanças na rua do ouvidor.