Há um deserto no espaço moderno e no tempo presente. Um deserto habita cada um. Um nada que é tudo. É preciso cultivar esse nada? É produtivo “cultivar o deserto/ como um pomar às avessas”, Cabral? É o deserto uma metáfora da vida contemporânea? Como ler estes roteiros de superfícies e deslocamentos entre rimas e ruínas?
Absurdo é o deserto, disse J.K. Sua forma plana diz do sujeito moderno, em constantes deslocamentos, enfrentando o deserto e suas fronteiras. Fronteiras que também se deslocam. Deslocamentos que nos ensinam a “amar” o “deserto e seus temores” (Djavan, “Oceano”).
Ela leciona as figurações do deserto – os seus vazios, as suas faltas; suas senhas e superfícies. Sinais do deserto. O deserto e suas repetições. O deserto dos homens. O deserto - o cansaço da terra. Quem habita o deserto da espera esqueceu o principal: o nome. Dizer o nome é sinal de que aceitamos ser mortais e vulneráveis. Nesta travessia pelo deserto, saudemos essa espera anunciada. Enquanto seu nome não vem.
5 comentários:
Por minha grande falta de jeito, mas com o desejo de também partilhar o espírito desta quadra, partilho de Vitorino Nemésio, um outro Natal,
«Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.»
Com um sincero desejo de uma quadra plena,
Um imenso abraço,
Leonardo B.
"grandes são os desertos
e tudo é deserto
pobre da alma humana
com deserto só no oásis ao lado"
pessoa também era um grande sabedor dos desertos...
Lingua do Pé
quando a gente diz "enquanto o seu nome não vem", é pq o nome já chegou ou está a caminho, sim?
bjs
L H
Leo e Alexandra
agradeço pelas lições dos desertos que são grandes.
abraço
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