Nelson
Rodrigues (1912 – 1980) criou peças teatrais e engendrou narrativas suburbanas
repletas de tragicidade e lirismo. Erotismo e violência são ingredientes
recorrentes nesta escrita que, a partir da década de 40, foca no imaginário
erótico da moderna classe média surgida no século XX.
Embora não
seja de sua autoria, a frase que intitula este post é uma homenagem ao autor que
melhor encenou o erotismo urbano nos trópicos, e que este ano completaria um
século de genialidade e contradição. Ele mesmo se definia como “reacionário”, “anjo
pornográfico” ou “flor de obsessão”, dentre outros epítetos.
O escritor é cria do jornalismo onde começou a trabalhar aos 12 anos. Foi
repórter policial. Anos depois, o jornalista Samuel Wainer sugeriu-lhe “Atire a
primeira pedra” como título para uma coluna; mas o autor de “A vida como ela é”
preferiu assim intitular sua coluna no jornal Última Hora na década de 50 no
Rio.
Em crônicas,
peças teatrais, aforismos e romances, Nelson "encenou" os gestos e afetos
suburbanos de um país repressivo cheio de tesão. Tinha, no buraco da fechadura, o melhor
ângulo de visão. Pelo buraco leu na carne a porção dionisíaca do seu povo. Numa
época na qual não era bacana gostar do Brasil, ele dizia que o brasileiro
possui luz própria. Apostava no porvir cultural dos trópicos.
4 comentários:
Segundo uma piada de salão, Jesus disse, atire a primeira pedra quem nunca errou. Um sujeito inescrupuloso, atirou um pedra atingindo o alvo, Jesus ficou surpreso e exclamou, Voce nunca errou ?, o sujeito respondeu, dessa distancia nunca!. Nonato velho amigo, estamos vivendo no fio da navalha da insensatez, e o mundo está cheio de cínicos no poder: Todos os dias massacram indefesos, e dizem que os massacrados são os culpados. Resistiremos com nossas consciências até o fim de nós mesmos, ou até o fim dos tempos! Voce é uma lampada acesa nessa escuridão da insensatez. Bôa Noite.
Geraldo Spinelli Junior-Natal- RN-
Olá Nonato,bom dia! Mais do que o erotismo a flor da pele de nossa gente,Nelson foi um dos poucos autores que conseguiu captar a dualidade da moral do "comportado" subúrbio carioca,com sua ironia cítrica,trouxe para a cena aberta os desejos e conflitos que antes,pertenciam somente as quatro paredes e as janelas fechadas.
Nelson deu voz,com clareza rascante,aos pensamentos e opniões do carioca na cama,na política,na crônica policial e nos campos de futebol. Leva-se tempo para entende-lo,para ama-lo e para,sem pudor,surpreender-se a cada linha relida.
Abraços,
Anna Kaum.
Opa Geraldo, é sempre bom encontrar o antigo amigo por este mundo virtual de meu deus. Teu comentário falando em Jesus e lâmpada lembrou-me Matheus: "A lâmpada do corpo é o olho".
Abraço
"Nelson deu voz,com clareza rascante, aos pensamentos e opniões do carioca na cama, na política, na crônica policial e nos campos de futebol."
Anna, gosto da sua leitura incisiva e dos comentários que alumiam. Não demore que este espaço é nosso. Estava com saudades.
bj
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