Como diz na entrevista a seguir, o professor e poeta Aderaldo Luciano, autor de O auto de Zé Limeira (2008), vem pesquisando o cordel há 20 anos. Em 2007, ele defendeu na UFRJ a tese de doutorado “Literatura de Cordel: visão e revisão”, orientada pela professora e escritora Helena Parente Cunha.
Desde então, o autor vem ministrando aulas e apresentações públicas onde apresenta uma “narrativa” entremeada de figurações da cultura sertaneja e cenas urbanas, com uma metodologia repleta de informação e humor, na tradição da aula-espetáculo de Ariano Suassuna.
Esta crítica tem como base os aspectos folclóricos e culturais dos antigos estudos e pesquisas, em detrimento dos elementos literários que esta pesquisa busca priorizar. A seguir, a fala deste leitor de Câmara Cascudo e Augusto dos Anjos, que traz para o campo da linguagem a especificidade do cordel, e acredita no seu “caráter literário”.
1 - Aderaldo, por que o cordel em
pleno século XXI?
O cordel é a única forma poética genuinamente brasileira. Todas as
escolas literárias passaram e o cordel continua. É como o soneto: não tem idade
e é sempre vanguarda. Infelizmente nunca recebeu o tratamento merecido. Com os
deslocamentos do eixo cultural e as mudanças sociais vigentes neste século, o
olhar sobre o cordel também migrará. Há 20 anos venho me preparando para isso.
Agora é hora.
2 - Quais são os autores mais
representativos do cordel no Brasil?
Da Geração Princesa, a pioneira, temos Leandro Gomes de Barros,
Silvino Pirauá de Lima, João Martins de Athayde e Francisco das Chagas Batista.
Da Geração Prometida, a intermediária, que ofereceu permanência ao
cordel: José Camelo de Melo Resende, Delarme Monteiro, José Pacheco, Antonio
Teodoro dos Santos e Manoel D'Almeida Filho. Da Geração Coroada: João
Firmino Cabral, Bule-Bule, Manoel Monteiro, Antonio Américo de Medeiros e
Azulão. A Geração Celebrante, esta que aí está segurando o bastão e
fazendo fé na coroa, aprendeu com os mestres e está trilhando o bom caminho,
mas ainda está sob observação.
5 comentários:
É o melhor trabalho de pesquisa sobre as origens do Cordel que eu conheço. Aderaldo, além de meu amigo,é também, revisor e coordenador de edição dos meus livros de Cordel pela editora Luzeiro. Com Aderaldo o Cordel editado pela Luzeiro ganhou uma roupagem moderna.Aderaldo nos dá a certeza que o nosso Cordel, é genuinamente brasileiro.
(...)
Subia a vida da terra,
Deixando-a ressecada,
Num verdadeiro braseiro.
Toda planta era queimada,
Mas Coronel com açude,
Mesmo sem o “Deus me ajude”,
Não precisava de nada.
...
valeu, Josue, volte sempre.
Faltou ao Aderaldo, citar o poeta cordelista Chico Pedrosa.
Faltou ao Aderaldo, citar o poeta cordelista Chico Pedrosa.
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