A escritora, tradutora
e psicanalista carioca Solange Rebuzzi ostenta uma bibliografia cuja dezena de
títulos contempla diferentes gêneros como a poesia, o ensaio e o romance.
Formada em Psicologia, doutora em Literatura, pesquisadora da obra de Fancis Ponge, ela coordenou o Seminário de Literatura e Psicanálise, na Escola Letra Freudiana do Rio de Janeiro.
Autora de textos ensaísticos sobre alguns escritores seminais da nossa literatura, como João Cabral e Paulo Leminski, ela lança no próximo dia 28 o Livro das Areia. Sobre esta narrativa de 2012, outros livros e temas do seu inverso profissional, ela fala a seguir.
Formada em Psicologia, doutora em Literatura, pesquisadora da obra de Fancis Ponge, ela coordenou o Seminário de Literatura e Psicanálise, na Escola Letra Freudiana do Rio de Janeiro.
Autora de textos ensaísticos sobre alguns escritores seminais da nossa literatura, como João Cabral e Paulo Leminski, ela lança no próximo dia 28 o Livro das Areia. Sobre esta narrativa de 2012, outros livros e temas do seu inverso profissional, ela fala a seguir.
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1
- Solange, como classifica o seu novo livro de ficção, cuja “língua que não é
só a de um romance”?
O Livro das areias é uma narrativa. Está
fora das classificações mais usuais. Nasceu assim. A escrita deu a direção à
minha fala, fora da linguagem mais linear. Quando afirmo, no início do livro,
que a língua não é só a de um romance quero marcar essa diferença, enquanto possibilidade.
Ele está escrito em versos livres, mas é uma narrativa de tempos vívidos em
diálogo com a escrita.
2
- A sua inscrição profissional abrange diversas áreas do saber e da cultura
como a psicanálise, a literatura e a tradução. Até que ponto a psicanalista, a
escritora e a tradutora dialogam? Ou estas atividades profissionais são
exercidas de formas isoladas?
Nonato, meu caro, são
as diferentes áreas de “um saber não sabido” que se mostram como eu gosto de
dizer. A psicanalista, a escritora e a tradutora conversam... O meu interesse
está assinalado no estilo que as
narrativas, as distintas narrativas, saboreiam. O escrever se impõe a partir da
leitura com o ritmo da letra. Os gêneros importam menos.
No
consultório, são os analisantes quem fazem e refazem sua própria escrita-vida
diante de uma escuta analítica que lhes dá novas possibilidades.
Na
tradução o trabalho celebra a língua estrangeira, que nos alcança enquanto
tradutores-escritores-poetas e a experiência se coloca diante da falta, pois não
se traduz nunca com a completude e a perfeição. Traduzimos com o desejo e a
capacidade de inventar, subtrair e/ou somar.
3
- Quais são as diferenças entre este Livro
das Areias (2012) e as narrativas de Estrangeira (2010) e Quase
sem palavras (2011)?
Estrangeira nasceu depois de um tempo de estudos na França, durante um
doutorado-sanduíche em 2005. É também uma declaração de amor à Paris, mas não
só. Talvez, por isso ele tenha sido publicado primeiro. E o Livro das areias cresceu aos poucos,
obedecendo ao ritmo da memória, pois é bastante autobiográfico (dentro da
lógica que reconhece que o escrito carrega o bio
da grafia ficcional sempre, conforme nos ensina Roger Laporte).
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