Para André Vinícius, Marcia Romano (RJ) e Rose Mary (RN)
Foi o poeta João da Rua quem melhor "interpretou" Jards Macalé no Rio Grande do Norte. Lembro de um
show em Natal, no final da década de 80, na Cidade da Criança, no
qual Macau atualizava lindamente algumas canções antigas, com timbres que
oscilavam entre o pop e a Bossa Nova. O autor de Temporada de Ingênios inscreveu o cantor na Tribuna do Norte, resgatando o seu legado tropicalista, num percurso à margem que continua desafiando "o coro dos contentes".
Os shows de
Macalé em Natal eram tão belos que eu demorei a gostar das apresentações dele no Rio. Mais de uma década depois, assisto a um show dele, na
Lapa, que ultrapassa o que vi no RN.
Vigoroso e interativo, ele regeu o
palco e a platéia. Demonstrou - com palavras e ritmos - como os gestos continuam produtivos quando
em sintonia com o outro (a banda), o espaço (Circo Voador) e o tempo.
Macau
celebra, aos 70, o deus tempo, tendo a margem como "navio". Viaja com vigor na "dor canalha" do Walter Franco. Canta com Adriana Calcanhoto. Ela ilumina com tons do novo milênio o Anjo Exterminado - sangrada letra de Waly Salomão que celebra a morbeza romântica e as "curtições otárias" dos amores que desaparecem, mas sempre voltam. Elétrica e sombria, Thais Gundim canta com voz cheia de carne o Hotel das Estrelas (“Rio e também posso chorar”). Macau diz estar pronto para voar. Voou no Circo. Como Pessoa que só se reconhece como sinfonia, e de quem
o poeta João da Rua é leitor.
2 comentários:
Saudades dos festivais do Forte,Macalé é a cara de Joao,ninguém aqui em natal conhece tão bem o universo poético/musical de macalé quanto ele..Me senti nos anos 80,ribeira e adjacencias...
Saudades de TT e do seu universo lítero-afetivo-musical
bj
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