No Dicionário de Símbolos, o mito de Perseu ilustra a complexidade da relação pai-filho, filho-pai, existente em todo homem. Apesar de complexa, essa relação pode ser leve (com Perseu e Medusa, Calvino abre a proposta da Leveza em "Seis propostas para o próximo milênio").
Perseu não tem pai humano. Descende diretamente de Zeus. Esse mito alado me lembra um amigo que, como Perseu, nunca teve pai. Ele era pai do seu próprio pai. Até que esse pai do meu amigo morreu. E depois dessa morte o meu amigo continuou eternamente pai. Pai para toda obra.
Paternal e alado, Perseu corta a cabeça da Medusa (simbologia da culpa). Com esse corte, ele abole a sua própria culpa. Poucos lembram que, depois da Medusa morta, nasce Pégaso - um cavalo cujo coice abre uma fonte (ok, mestre Yoda, eu falo a sua língua). "Coice que abre uma fonte" é um bom título.
Dizem que quem prova daquela fonte é possuído por uma sede infinda. Perseu mata a sede. É o mito que simboliza o ideal realizado. Mas não pensem que é fácil. Esse ideal tem preço. Ele é realizado ao preço de combates e escolhas. Difíceis combates e escolhas corajosas, engenhosas.
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