e todo caminho deu no mar

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"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

domingo, 18 de setembro de 2011

Machado no "país dos armários"

Transcrevo, a seguir, texto do professor e ensaísta Eduardo de Assis Duarte (Literafro/Fale/UFMG) acerca do comercial que a CEF veicula atualmente na TV, tendo o escritor Machado de Assis como "estrela".

O trabalho do referido pesquisador em torno da Literatura Afro-Brasileira pode ser aferido aqui: http://www.letras.ufmg.br/literafro/


Pessoal,

O esforço histórico de embranquecimento e conseqüente negação da afrodescendência de Machado de Assis ganha um impulso monstruoso com esse comercial da Caixa Econômica, bombardeado todas as noites em milhões de aparelhos de televisão de todo o país. Por aí se pode aquilatar o poder silencioso da branquitude, uma vez que nenhum órgão de imprensa até o momento levantou a questão e se omite diante de mais essa operação racista patrocinada com dinheiro público. Pelo que sei, cada inserção em rede nacional custava tempos atrás R$160.000,00(isto mesmo, cento e sessenta mil reais), e isto apenas na Globo, sem falar nos demais canais. Por aí, pode-se aquilatar quantos milhões estão sendo despejados nos anúncios da CEF.

E aqui cabe perguntar: desde quando caderneta de poupança precisa de propaganda? Machado branco todas as noites na Caixa consegue bater o record de estupidez e desperdício que foi a campanha anterior exaltando as vantagens da gasolina da Petrobrás... Mas o comercial da Caixa consegue atingir o cúmulo do escândalo pelo que contém de deturpação preconceituosa da imagem de Machado.

E estamos num governo que se diz progressista, de esquerda, etc., etc.

No momento em que o próprio PT está propondo no congresso uma lei de controle da mídia, seria bom que olhassem primeiro para seu próprio quintal e não permitissem absurdos como esses. A propósito, onde andam a SEPPIR, e inúmeros outros órgãos de promoção da igualdade racial, que até agora não se manifestaram? E a bancada de parlamentares negros, Paulo Paim, Edson Santos e tantos outros? Onde estão agora a Benedita da Silva, a Leci Brandão, o Movimento Negro? E o vereador-celebridade Netinho de Paula, que teve mais de 7 milhões de votos ano passado e é candidato a prefeito de São Paulo? Por que nenhum dos citados até agora se manifestou?

De novo se consegue ver, nesse país dos armários, a força onipresente da branquitude.

De novo o poder público se rende, como no episódio de Lobato no ano passado, quando 10.000 exemplares com conteúdos racistas foram comprados com o nosso dinheiro e distribuídos em escolas públicas.

É triste.

Eduardo de Assis Duarte

sábado, 10 de setembro de 2011

Congresso de Letras na Rural


Estão abertas as inscrições para o I Congresso Nacional Multidisciplinar e a III Semana Acadêmica de Letras – Identidade e Linguagens Hoje: Olhares sobre a Diversidade e a Inclusão.


O referido evento acontecerá em Outubro na UFRRJ, Campus de Nova Iguaçu, e conta com a participação de Heloisa Buarque de Hollanda,  Luiza Lobo, Marcos Bagno e Eduardo Navarro, dentre outros autores e pesquisadores.


Programação: http://r1.ufrrj.br/wp/eventos/semanaletrasim/

 

domingo, 4 de setembro de 2011

narrativa que se des-dobra


O artista plástico Luciano Figueiredo é designer gráfico, cenógrafo e pintor. Responsável por alguns dos cenários de shows e capas de dicos marcantes da Tropicália, o artista desenvolveu também projetos gráficos  para livros e revistas, como a Navilouca - editada por Torquato Neto e Waly Salomão.

Luciano começou a expor na década de 60 na Bahia. Realizou cerca de 20 exposições individuais, além de pilotar os projetos de preservação da obra de Hélio Oiticia. Sua atual exposição permanece até 07 de outubro no Arte Contemporânea em Botafogo, Rio. 

No belo texto de apresentação do catálago, Felipe Scovino diz: "Espaço-laço é a possibilidade de se executar a partir do mínimo ... uma série de possibilidades e aberturas acerca do lugar da pintura... ... É na sobra da lona que o artista inventa um espaço sobre aquilo que já era dado como concebido. ...  sua narrativa não se esgota, se desdobra."