e todo caminho deu no mar

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"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

domingo, 26 de abril de 2009

Perseu - escudo, capacete, sandálias aladas

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Para cortar a cabeça da Medusa, o herói teve ajuda de 3 divindades: Atena, Hades e Hermes. Atena deu-lhe um escudo polido; Hades, um capacete; e Hermes ofertou sandálias aladas.
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Guiado pelo reflexo do escudo, mas sem olhar diretamente para a Medusa, Perseu corta a cabeça da górgona (monstro que petrifica). Abole, com este gesto, a sua própria culpa. Perseu dilata-se.
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Mas a lenda não acaba aí. Ao morrer, surge do ventre da Medusa o cavalo alado Pégaso. Aí outros roteiros são traçados, como lemos nos dicionários e nos textos de Italo Calvino e Antonio Cicero.
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I – Perseu no Dicionário de Símbolos

O mito de Perseu ilustra a complexidade da relação pai-filho, filho-pai, existente em todo homem. Perseu não tem pai humano, descende diretamente de Zeus... ele simboliza o ideal realizado ao preço de difíceis combates e de escolhas corajosas e engenhosas.



I I - Calvino lê a leveza de Perseu

"O único herói capaz de decepar a cabeça da Medusa é Perseu, que voa com sandálias aladas; Perseu, que não volta jamais o olhar para a face da Górgona, mas apenas para a imagem que vê refletida em seu escudo de bronze. ... Para decepar a cabeça da Medusa sem se deixar petrificar, Perseu se sustenta sobre o que há de mais leve, as nuvens e o vento; e dirige o olhar para aquilo que só pode se revelar por uma visão indireta, por uma imagem capturada no espelho. ... É sempre na recusa da visão direta que reside a força de Perseu."

III – “Medusa”
Antonio Cícero

Cortei a cabeça da Medusa
por inveja. Quis eu mesmo o olhar
sem olhos que vê e se recusa
a ser visto e desse modo faz
das demais pessoas pedras: pedras
sim, preciosas, da mais pura água,
onde o olhar mergulha até a medula,
diáfanas, translúcidas, cegas.
Refleti muito, antes. Na verdade
estes meus olhos provêm de carne
de mulher, não do nada imortal
da divindade. Como encarar
com eles a Górgona? Mas mal
pensando assim, lembrei ser mortal
ela também: e seu pai é um deus
do mar mas eu sou filho de Zeus.
Mesmo assim não quis enfrentá-la olhos
nos olhos. Peguei emprestado o espelho
da minha irmã e adentrei o cômodo
da Medusa de soslaio, vendo
tudo por reflexos:
...
Do pescoço
cortado nasceu um cavalo de asas
(é que o deus do mar a engravidara)
e mergulhou no horizonte em fogo
crepuscular. Contam que, no monte
Hélicon, seu coice abriu uma fonte.
A ser não sendo, de madrugada
levanto com sede dessa água.

5 comentários:

joao batista disse...

Maravilhosa essa sua leitura dos mitos. Bom demais. Abraços, Joãozinho

Nonato Gurgel disse...

João, como vc viu, o mito também é uma arma quente.

abraço
N Gurgel

Anônimo disse...

Acho que todo mito/lenda nasce de algo real ou de erro de interpretação, más Sadálias aladas ?? isso é coisa extraterrena mesmo....Leiam "ERAM OS DEUSES ASTRONAUTAS" de Erick Von Daniken.

Nonato Gurgel disse...

meu caro anônimo, o que é mesmo "más Sadálias aladas..."?

Elidia disse...

Por que no capacete de Perseu tem umas asas?