Uma versão deste texto foi publicada no livro Diásporas e deslocamentos: travessias críticas. Org. Oliveira, Paulo César e Carreira, Shirley de Souza. Rio de Janeiro: FGV, 2014.
Resumo: Este ensaio atenta
para as formas como o poeta, filósofo e compositor Antonio Cicero relê, através do texto
clássico, a narrativa mítica no início deste milênio. Nesta releitura, o autor desloca-se no tempo e atualiza
o imaginário contemporâneo em alguns poemas de A Cidade e os Livros (2002).
Palavras-chave: Literatura. Poesia contemporânea. Interdisciplinaridade. Mito. Forma. Imaginário. Antonio
Cicero.
Para Beatriz Resende
I – Nossa
antiga “infância social”
Intitulada “Com sede dessa água”,
a primeira versão deste texto foi apresentada na UERJ, no I Simpósio de Estudos
Helênicos – Do Clássico ao
Contemporâneo – realizado no Rio de Janeiro em 2004. Para
construir algumas conexões entre o texto clássico e a poética contemporânea,
elegi como objeto de leitura alguns textos de Italo Calvino e Paulo Leminski,
dentre outros autores; e embora nesta segunda versão o recorte teórico e
intercultural tenha sido ampliado, continuo tendo como referencial a poética de
Antonio Cicero.
A produção estética e cultural
de Antonio Cicero traduz muito da vitalidade da
língua e da produção artística dos autores gregos e latinos. Seja através das
canções, dos poemas ou ensaios, o poeta de A Cidade e os Livros (2002) demonstra ser um exímio leitor de Homero, Virgílio, Anacreonte,
Ovídio e Heráclito, dentre outros autores representativos da antiguidade
clássica. Ao acionar a releitura desses autores canônicos, Cicero dialoga com
as formas imaginárias e os roteiros reflexivos que nos legaram os clássicos.
Nessa relação do poeta carioca com
a arte clássica, destaca-se a leitura das formas poéticas, das narrativas da
mitologia e dos discursos da filosofia. O poeta relê e atualiza fragmentos
capitais das formas artísticas e dos discursos míticos construídos por aqueles
povos. Sobre eles são marcantes, por exemplo, as leituras feitas por outro filósofo
que, assim como Cicero, é também um exímio leitor dos autores clássicos: o
economista Karl Marx (1999:123).
Sugere o autor de O
Capital que, ao erigir essa arte clássica, ao engendrar a tessitura
de seus poemas e narrativas, os autores gregos e latinos vivenciaram – e
inscreveram – um estágio da humanidade correspondente à “infância social” da
raça humana. A inscrição desse estágio atravessa séculos, e ainda se encontra
em vigor num mundo que continua sendo lido e configurado por meio de formas
míticas. Formas essas que aparecem, por exemplo, nos vários palcos e telas (de
cinema, vídeo, TV, pc ...) nos quais os mitos de Prometeu, Narciso ou Ulisses
continuam em cartaz.
“O mito é o nada que é tudo”, diz
Fernando Pessoa em Mensagem, abrindo
o poema que tem “Ulisses” como título. O poeta moderno sabe que o mito formata
o mundo. A modernidade começa, para Leminski, com um “pensar sobre” os mitos. Por
isso, a mitologia pode
ser lida como um conjunto de formas narrativas, signos culturais e símbolos filosóficos
construídos pelos mais diferentes povos no decorrer dos tempos e em múltiplos
espaços, na busca da compreensão e do sentido para a existência.
Essa busca existencial
visa entender o que não é da ordem do visível ou da razão, resultando numa
adição de saberes e ações compostas por elementos físicos, espirituais e
intelectuais que dialogam com dados referenciais e históricos repassados de
geração a geração. Esse repasse geracional sugere que as mutações e os
deslocamentos operados pelos mitos são determinados pela história. Sugere
principalmente que o mito surge do processo cultural e coletivo, não sendo,
portanto, nenhum produto natural (embora, segundo Rolando Barthes, o mito
postule “a imobilidade” da natureza).
A configuração do mundo
contemporâneo através dos escritos míticos e clássicos pode também ser aferida
por meio de um texto belo como “Latim com gosto de vinho tinto”, do poeta Paulo
Leminski (1987:188). Neste texto que serve de posfácio para a sua tradução do Satyricon – narrativa escrita pelo
romano Petrônio, e que é considerada o primeiro romance ocidental –, o poeta
paranaense diz:
Até as vanguardas do início do século XX, pouca coisa inventamos de novo
em relação à civilização greco-latina: recursos de estilo, figuras de
linguagem, a distinção entre poesia e prosa, gêneros literários, formas de
dizer, moldes do sentir e do pensar, esquemas mentais, tudo devemos a esses
gigantes em cujos ombros estamos trepados.
Para um país jovem como o Brasil,
a leitura desse legado estético e daquela “infância social” é imperativa. Ela
auxilia na compreensão de nossa história que se constrói levando em conta,
dentre outros, o imaginário bélico e autoritário que herdamos desde a
colonização européia, passando por golpes e ditaduras dos quais temos
dificuldades de rever, compreender, falar.
A leitura dos textos clássicos
amplia o diálogo com essa memória social e antiga do país e com este estágio inicial
da humanidade. Essa leitura aciona um deslocamento temporal, possibilitando a
construção de um intertexto que põe em circulação um corpus interdisciplinar
com textos da arte e da cultura, da mitologia, da filosofia... Na viagem que
empreende em torno do imaginário grego, esse corpus é lido como uma “máquina” por
Paulo Leminski (1998: 62) da seguinte forma:
Literariamente, essa imensa máquina
imaginária atravessou viva a idade Média, reacendeu no Renascimento italiano e
sobreviveu, impávida, até o romantismo europeu do século XIX, quando começa seu
processo de esquecimento. De Homero a Goethe, passando por Dante e Shakespeare,
numa linha ininterrupta, durante mais de dois mil anos, o imaginário grego foi
o primeiro alimento do poeta ocidental culto, seu “soft-ware” de fantástico,
referencial de imagens...
Nesta releitura intertextual
operada pelo poeta contemporâneo, esse legado milenar das artes e culturas
clássicas é relido enquanto “máquina imaginária” e reflexiva que aciona formas
e forças de quem lê e escreve na contemporaneidade. Essa “máquina” impulsiona a
produção subjetiva do leitor, elaborando figurações no corpo e na mente, fabricando
discursos e formas no espaço. Trata-se de uma releitura potente, cuja força
constrói o poema, cuja subjetividade pode erigir um país – “O país das
maravilhas” (2002:13), espaço aberto à inscrição e à celebração das coisas no
mundo exterior.
Na poética contemporânea criada
por Antonio Cicero não ecoa o discurso de nenhum herói grego ou latino. Quando
o poeta outorga voz para um herói ou uma divindade, eles parecem encenar,
através da oralidade cotidiana do presente, sua porção terrestre no aqui e
agora. O poeta dota de linguagem cotidiana, abastece de tonalidade humana
aqueles deuses e mitos eternamente estetizados com base numa linguagem
olímpica, celebratória.
O discurso exaltatório ou a
narrativa grandiloqüente que durante séculos perdurou no universo das letras e
da cultura é rasurado, convertido. Essa conversão lingüística parece
sintonizada com o discurso reflexivo do próprio poeta carioca, ao cognominar de
esquisito (do vocábulo latino ‘exquisitus’), de requintado, o sujeito que faz
arte. Diz Cícero (1995: 175): “... o artista é perverso em relação às versões
canônicas, às formas e às ordens, quer dizer, aos mundos positivos do seu
tempo”.
Essa “perversão” em relação às
formas estéticas pode ser lida na inscrição de alguns procedimentos poéticos e de
algumas estratégias subjetivas relacionadas às divindades “devoradas” pelo poeta.
“Perversão” essa que é também sugerida na
leitura da mitologia como “o poder que a linguagem exerce sobre o pensamento, e
isto em todas as esferas possíveis da atividade espiritual” (1972:19).
II – Prometeu e Palomar
Os filhos de Prometeu se rebelam.
Paulo Leminski, Metaformose
Dentre os procedimentos estéticos
utilizados por Cicero nessa “devoração” da tradição, destaca-se a releitura da
narrativa mítica em sintonia com as formas contemporâneas e o “espírito urbano”
(1972:16). Nesse intertexto com as formas clássicas, alguns dos poemas e
ensaios do autor sugerem outros modos de leitura e reflexão. Ao deslocar-se
para a antiguidade clássica, o poeta contemporâneo dota de visibilidade humana
algumas divindades geralmente estetizadas através de um olhar olímpico. Por
meio dessa dotação visível, ele propõe ao leitor a visibilidade do seu tempo.
Através dessa perversão óptica,
dessa troca de olhares entre seres humanos e divinos, Antonio Cicero constrói uma
linguagem leve, sem peso e que atualiza, neste início de milênio, a dicção
milenar das narrativas clássicas. Essa permuta óptica e a atualização dessa
dicção poética são visíveis e audíveis no poema “O grito” (2002: 33), onde é
estetizada a voz de Prometeu.
Ensina a mitologia que, por ter roubado de Zeus
as “sementes do fogo” para trazê-las à terra, Prometeu é acorrentado a um
rochedo. Sobre ele é lançada uma águia que devora o seu fígado. Mito que simboliza
a revolta do espírito, o titã Prometeu é uma divindade que marca o advento da
nossa consciência aqui na terra, e que ilustra a fome do saber humano. Segundo
Bachelard (1990: 91), a imagem de Prometeu contribui “para uma poética do
humano”. Atentando para o fogo (“a
fricção ou o choque”) e as figurações criadas em torno deste titã e seus
símbolos, o autor francês assegura que “o Prometeu poético nos convida a uma
estética do humano”.
Desde “Prometeu Acorrentado”, de
Ésquilo, passando por Goethe e outros românticos como Castro Alves, o mito de
Prometeu é um dos mais estetizadas pelos poetas ocidentais. Em nossa moderna historiografia
literária isso pode ser ratificado num poema da década de 30, como “Novíssimo
Prometeu” (1959:108), de Murilo Mendes, que começa assim: “Eu quis acender o
espírito da vida,/ Quis refundir meu próprio molde...”. Mais de meio século
depois, o “Prometeu” (1996:162), da poeta Orides Fontela é bem diferente.
Publicado em Alba, o poema inicia,
sem nenhum desejo, mas urdindo – num verso curto – o código jurídico da vida
urbana ao ser natural: “A Lei/ cinzenta – ave de/ rapina...”
Observemos, a seguir, as “imagens
prometéicas” criadas por Cicero para atualizar esse mito. Ouçamos o eco do seu
grito nas “paisagens urbanas”.
Ele silva por entre os ruídos e rumores das “urbes formigantes”. Por entre seres que se deslocam num espaço
repleto de “cruzamentos” e contaminações culturais que se chocam, se
condicionam e acabam por produzir o texto.
Estou acorrentado a este
penhasco
logo eu que roubei o fogo dos céus.
Há muito tempo sei que este penhasco
não existe, como tampouco há um deus
a me punir, mas sigo acorrentado.
Aguardam-me amplos caminhos no mar
e urbes formigantes a engendrar
cruzamentos febris e inopinados.
Artur diz “claro” e recomenda um amigo
que parcela pacotes de excursões.
Abutres devoram-me as decisões
e uma ponta do fígado mas digo:
E daí? Dias desses com um só grito
eu estraçalho todos os grilhões.
Como demonstra o Dicionário dos Símbolos (1993:746), o
mito de Prometeu representa, em sua narrativa original, o espírito que busca se
igualar à inteligência divina, ou pelo menos retirar dela um pouco de luz e
fogo. Alguns leitores sugerem, através de uma mirada de viés sociológico, ver
nessa tentativa de retirada de luz e fogo das divindades um espírito marxista,
já que seria a raça humana beneficiada, de forma comum, com tais elementos
divinos – a luz, o fogo (segundo o tradutor Trajano Vieira (1999: 139) e o
poeta Paulo Leminski (1998: 66), é o titã Prometeu – gigante que ousou desafiar
a ira divina – o mito predileto, o herói filosófico do pensador Karl Marx).
Voltemos a ouvir “O grito”. Na
releitura elaborada pela ótica poética, a ironia e o humor servem de
procedimentos para a narrativa recriada pelo autor contemporâneo. Sem drama, ele
atualiza essa poética clássica através de uma linguagem cuja oralidade permite
a um deus escutar – do interlocutor humano – uma interjeição presente nos
nossos discursos cotidianos como “claro”. Além disso, esse deus usa expressões interrogativas
que retrucam e desafiam como: “E daí?”
Mais inusitado ainda é perceber a
sintonia entre seres eternos e elementos corriqueiros, propondo uma sincronia
entre o alto e o baixo, o divino e o humano. Inusitado também é ouvir uma divindade
preocupada com “pacotes de excursões”. Ou seja: trata-se de um deus atualíssimo,
um ser que lida com roteiros de viagens e prestações a pagar. Figurinha fácil
com a qual deparamos nos finais de semana da Lapa, da Ribeira ou da Augusta.
Ao ouvirmos “O Grito” é quase
impossível não escutar o discurso narrativo de Palomar – a personagem de um
livro homônimo de Italo Calvino. Ouvinte sensível às ondas e assobios, além de
ser um leitor contemplativo das formas exteriores, Palomar transita entre a
praia, o jardim, a cidade... Como todo mortal, ele sonha, reflete, imagina. Vai
às compras. Descreve, narra e argumenta. Buscando o seu equilíbrio nos
“cenários em ruínas” por que transitamos através do humor e da ironia, ele
assegura que “até a linguagem dos deuses muda com os séculos”.
Essa transmutação lingüística
acionada por Calvino nos remete a maneira como Cicero (2002) assume ler os
clássicos. Diz ele para o Jornal do Brasil: “A literatura clássica constitui grande parte das idéias e do
vocabulário com os quais pensamos e imaginamos o mundo em que vivemos. ...Por
direito, o mundo clássico pertence aos brasileiros, assim como nos pertence a
língua portuguesa”.
III – Com sede dessa
água
Utilizando-se desse direito de
pensar e imaginar a partir da literatura clássica, Cicero relê o vasto arquivo
de formas do imaginário e da reflexão produzida pelos gregos e latinos. Exemplo
disso é a releitura do mito da “Medusa” (2002:65), cujo poema de título
homônimo também faz parte do livro A
Cidade e os Livros. Relida pela lente da poesia e da história da cultura, a
Esfinge – esse “monstro-pergunta” – metaforiza, segundo Paulo Leminski em sua Metaformose, a imagem do “primeiro
filósofo, o ser questionário.”
Na leitura que empreende em torno
do imaginário grego, o poeta paranaense diz que toda estátua existente em nosso
planeta pode ser vista como alguém que cruzou com a Medusa em algum espaço.
Nesse olhar leminskiano, ela – a Medusa – simboliza a paralisação da história,
enquanto Perseu anseia por muito mais: ele quer o vôo, o movimento, a mutação.
Ele tem sede e se desloca. Sua ação conjuga verbos. Por isso Perseu deseja
narrar outra história. É o que Cicero aciona no poema “Medusa”: dá voz a
Perseu, esse mito que descende diretamente de Zeus, ilustrando a complexidade
da relação pai – filho.
Em “Medusa”, a oralidade clássica
encontra-se refletida no ritmo das imagens e no recorte dos temas. Eles
produzem uma linguagem carregada de tons mutantes, às vezes rápidos,
fragmentados, que refletem muito da subjetividade contemporânea. Por meio desse
diálogo entre a forma e a oralidade herdadas da poética clássica, Cicero
atualiza, através das estratégias subjetivas do nosso tempo, a relação entre
Perseu e a “Medusa”. Mas é bom relembrar que, apesar desse título, quem ganha
voz no poema é o sedento filho de Zeus – o próprio Perseu, ouça:
Cortei a cabeça da
Medusa
por inveja. Quis eu mesmo o olhar
sem olhos que vê e se recusa
a ser visto e desse modo faz
das demais pessoas pedras: pedras
sim, preciosas, da mais pura água,
onde o olhar mergulha até a medula,
diáfanas, translúcidas, cegas.
Refleti muito, antes. Na verdade
estes meus olhos provêm de carne
de mulher, não do nada imortal
da divindade. Como encarar
com eles a Górgona? Mas mal
pensando assim, lembrei ser mortal
ela também: e seu pai é um deus
do mar mas eu sou filho de Zeus.
Mesmo assim não quis enfrentá-la olhos
nos olhos. Peguei emprestado o espelho
da minha irmã e adentrei o cômodo
da Medusa de soslaio, vendo
tudo por reflexos:
...
Do pescoço
cortado nasceu um cavalo de asas
(é que o deus do mar a engravidara)
e mergulhou no horizonte em fogo
crepuscular. Contam que, no monte
Hélicon, seu coice abriu uma fonte.
A ser não sendo, de madrugada
levanto com sede dessa água.
Segundo Calvino, Perseu é signo
da leveza. Para decepar a cabeça da Medusa que nos fita com seus olhos de
chumbo, ele precisa calçar sandálias aladas. No início do poema é estetizado o
desejo de um olhar que, apesar de ver, vê apenas “por reflexos”. Para cortar a
cabeça da deusa, Perseu assume a necessidade de não olhá-la nos olhos, mas
através do espelho por meio do qual obtém esses reflexos. Nisso reside a força
deste mito: na “recusa da visão direta.”
O desejo refletido nesse olhar –
que só consegue ver através de reflexos – parece apontar também para uma outra
visão mitológica de Perseu e o seu olhar feminino. Essa visão é sugerida, no
poema acima, ao admitir o nosso herói serem os seus olhos provenientes do corpo
humano – “de carne/ de mulher”, não do corpo de nenhuma divindade.
Lida por um viés psicanalítico, a
medusa aponta para a representação da imagem excessiva da culpa. “Cortei a
cabeça da Medusa.” Leia-se: aboli a culpa. Segundo a narrativa clássica, quando
a cabeça da Górgona é cortada, nasce um “cavalo de asas”. Esse “cavalo” alado
sugere um rico significante que aponta para as idéias de potência, locomoção e
deslocamento materializadas na imagem mítica e na forma do próprio poema.
No final do poema, o coice desse
cavalo de asas abre “uma fonte” da qual Perseu admite brotar a sua sede. “Com sede
dessa água” também vivemos nós, leitores de mitos, poemas, narrativas...
Automatizados pelas forças e formas dos sistemas de dominação social que regem
os mais diferentes povos e culturas, almejamos freqüentemente as águas míticas
e poéticas que batizam novas leituras do mundo. Águas desse
imaginário milenar que saciam desde sempre a nossa sede cultural. Nossa infinita sede de
formas e linguagens em meio ao caos que diariamente nos solicita.
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