e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

sábado, 22 de setembro de 2012

Teoria e Crítica Literária


A seleção dos dez autores finalistas do Prêmio Jabuti inclui o ensaísta Eduardo de Assis Duarte, professor da UFMG, cuja antologia é uma referência nos estudos da Literatura negra no Brasil.

A presença das editoras de SP e MG parece sugerir, aos universos da crítica, da academia e da mídia, alguma coisa em relação aos processos de leitura, pesquisa e publicação em nosso país.
 
Jabuti 2012
 
1º - Da estepe à caatinga: o romance russo no Brasil (1887-1936)
 - Bruno Barretto Gomide, EDUSP
 
2º - Critica Textualis in Caelum Revocata? Uma Proposta de Edição e Estudo da Tradição de Gregório de Matos e Guerra
 - Marcello Moreira, EDUSP
 
3º - A Espanha de João Cabral e Murilo Mendes
- Ricardo Souza de Carvalho, Editora 34
 
4º - Cenas de um modernismo de província
- Ivan Marques, Editora 34
 
5º - Literatura e Afrodescendência no Brasil: antologia crítica
- Eduardo de Assis Duarte e Maria Nazareth Soares Fonseca, Editora UFMG
 
6º - Hermenêutica e Crítica: o pensamento e a obra de Benedito Nunes
 - Jucimara Tarricone, EDUSP
 
7º - João Antônio, leitor de Lima Barreto
- Clara Ávila Ornellas - EDUSP/FAPESP
 
8º - A Construção da Identidade Nacional nas Crônicas da Revista do Brasil
- Maria Inês Batista Campos, Editora Olho D'Água
 
9º - Janelas Indiscretas: Ensaios de crítica biográfica
- Eneida Maria de Souza, Editora UFMG
 
10º - Poemas e Pedras: a relação entre a escultura e a poesia partindo de Rodin e Rilke
- Rita Rios, EDUSP
 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Memórias eróticas de um país repressivo cheio de tesão


Nelson Rodrigues é o autor brasileiro que mais vi do que li. Primeiro vi Nelson via Jabor: “Herculano, aqui quem fala é uma morta” – nunca esqueci a voz de Darlene Glória girando no gravador. Eram as primeiras cenas do filme “Toda nudez será castigada” e meu primeiro espanto no universo rodrigueano. Primeiros passos na educação sensorial. 

Dizendo-se cristão, o autor de “Vestido de Noiva” (1943) rasurou as cartilhas religiosas e estéticas do Brasil moderno. Questionou bulas ideológicas, da esquerda e da direita, no contexto ditatorial dos anos 70 e 80. Afirmava ser Marx uma besta. Como rezam as imagens dos mais de 20 filmes baseados em sua obra, o sexo atrapalha o amor.

No universo pujante e contraditório dos afetos e das paixões, o autor pernambucano que melhor encenou o corpo e a alma da classe média suburbana era provocador: dizia que só as mulheres normais gostam de apanhar; afirmava ser preciso paixão até para chupar um picolé.

 

sábado, 15 de setembro de 2012

Atire a primeira pedra



Nelson Rodrigues (1912 – 1980) criou peças teatrais e engendrou narrativas suburbanas repletas de tragicidade e lirismo. Erotismo e violência são ingredientes recorrentes nesta escrita que, a partir da década de 40, foca no imaginário erótico da moderna classe média surgida no século XX. 
 

Embora não seja de sua autoria, a frase que intitula este post é uma homenagem ao autor que melhor encenou o erotismo urbano nos trópicos, e que este ano completaria um século de genialidade e contradição. Ele mesmo se definia como “reacionário”, “anjo pornográfico” ou “flor de obsessão”, dentre outros epítetos.
 

O escritor é cria do jornalismo onde começou a trabalhar aos 12 anos. Foi repórter policial. Anos depois, o jornalista Samuel Wainer sugeriu-lhe “Atire a primeira pedra” como título para uma coluna; mas o autor de “A vida como ela é” preferiu assim intitular sua coluna no jornal Última Hora na década de 50 no Rio.


Em crônicas, peças teatrais, aforismos e romances, Nelson "encenou" os gestos e afetos suburbanos de um país repressivo cheio de tesão.  Tinha, no buraco da fechadura, o melhor ângulo de visão. Pelo buraco leu na carne a porção dionisíaca do seu povo. Numa época na qual não era bacana gostar do Brasil, ele dizia que o brasileiro possui luz própria. Apostava no porvir cultural dos trópicos.

 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Brasil



Este país é um dos últimos que ainda veneram a poesia...

O Brasil só adentra o palco da literatura universal na segunda metade do século XIX com duas figuras realmente representáveis: Machado de Assis e Euclides da Cunha. Machado está para o Brasil como Dickens para Inglaterra...

A Europa tem muitíssimo mais tradição e menos futuro, e o Brasil, em contrapartida, menos passado e mais porvir.


Stefan Zweig, "Um olhar sobre a cultura brasileira" in Brasil, um país do futuro, 1941