e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

terça-feira, 10 de julho de 2012

Ná Ozzetti


              Capitu, de Luiz Tatit, com imagens de Capitu - minissérie de Luiz Fernando Carvalho

Ná no quintal


Curto a cantora Ná Ozzetti desde o início dos anos 80, quando adquiri em Natal (RN) – ao acaso, sem referência – um vinil do Rumo. Este grupo paulista entoa e traduz muito da subjetividade afetiva daquela década. Suas sonoridades sutis marcaram minha audição mais ou menos como os timbres e tons de João Gilberto, da poesia de Leminski e da música pop formataram o ouvido.

Com o belo show Meu quintal, Ná comemora 30 anos de uma carreira bastante produtiva e sem concessões. Entremeado de clássicos como Capitu e Atlântica, o show tem por base o CD homônimo de 2011, repleto de parcerias com Luiz Tatit, Dante Ozzetti e Alice Ruiz, dentre outros.

Meu quintal ratifica a sofisticação estética de uma trajetória inventiva que não se repete, e cuja "língua falada" faz "tecer a melhor teia" (Luiz Tatit).

Chovem acordes e palavras brotam no quintal de Ná. Ela dança lindamente ao colher os frutos do seu quintal cantado. Quintal urbano que também “é um sertão” onde vingam gestos. Seu repertório surpreende principalmente pelo teor de invenção e contemporaneidade.

A seguir, a palavra da cantora cuja sutileza musical (a)fia.


NG: Ná, os seus discos e CDs circulam principalmente nas grandes cidades. Muitos ouvintes não os encontram, ou desconhecem a belíssima obra que você vem construindo ao longo das três últimas décadas. Gostaria que apresentasse sua discografia, e as formas de acesso e aquisição das obras.
NO: Nonato, com o grupo Rumo gravei os seguintes discos:

Rumo e Rumo aos Antigos - lançados simultaneamente em 1981
Diletantismo - 1983
Caprichoso - 1985
Quero Passear - 1988
Rumo ao Vivo - 1992
O Sumo do Rumo - Coletânea
maiores informações no site www.gruporumo.com.br
em carreira solo:
Ná Ozzetti - 1988
Ná - 1994
Love Lee Rita - 1996
Estopim - 1998
Show - 2001
Piano e Voz - com André Mehmari - 2005
DVD Piano e Voz - idem - 2006
Balangandãs - 2009
Meu Quintal - 2011

a maior parte de minha discografia solo foi relançada pela gravadora MCD www.mcd.com.br . Além do site, normalmente são encontrados em livrarias como a Cultura, Saraiva, Fnac e Livraria da Vila.


o CD Meu Quintal foi lançado pela Borandá www.boranda.com.br

NG: Dentre os trabalhos que conheço – Ná Ozzetti (1988), Love Rita Lee (1996), Piano e Voz (2005) e Meu Quintal (2011) –, percebo ser neste último que você se afirma como compositora. Das 12 faixas que compõem o cd, 11 são suas. O que motivou esta presença marcante da compositora?

NO: tenho composições também nos discos Ná (1994) e Estopim (1998).
comecei minha carreira como intérprete e a composição veio mais tarde.
gosto muito de poder alternar meus trabalhos, entre projetos autorais e os em que atuo como intérprete.

NG: O que se ouve e lê no seu quintal? Por causa da sua formação em Artes Plásticas e do diálogo que mantém com outras artes, gostaria de saber as influências estéticas.

NO: são muitas influências, em todas as formas de arte, como na dança Kazuo Ohno, Pina Bausch, no cinema Fellini, Chaplin, nas artes plásticas meus amigos Edith Derdyk, Laura Vinci, Gal Oppido, na literatura Guimarães Rosa, Mia Couto, os poetas Alice Ruiz, Paulo Leminski, Cecília Meirelles, e na música Tom Jobim, Beatles, só para citar alguns nomes, pois a lista é grande.


NG: Quais os projetos futuros?

NO: tenho idéias para um novo CD, com outras canções. Já já começo a trabalhar nele.



sexta-feira, 6 de julho de 2012

Entrevista a Lohan Lage



Olá, caro Nonato. É com muita satisfação que o recebemos, mais uma vez como jurado, no Concurso de Poesia Autores S/A. Nonato, como você enxerga a literatura contemporânea brasileira, diante de tantas mudanças nos hábitos da leitura e da escrita, bem como da edição dos livros e da divulgação dos trabalhos pelas diversas mídias disponíveis? Qual é a cara do novo poeta brasileiro? Ele preza pela técnica, ele remete ao clássico, ou ele possui raízes firmes no movimento modernista da década de 20/30, quebrando paradigmas a seu modo?


NG: Agradeço pelo convite, Lohan.  Parabenizo pelo concurso cuja continuidade deve ser celebrada, e pela sugestão da mitologia como um tema repleto de possibilidades. Parabéns principalmente para os autores classificados. Creio que a qualidade cresceu. 


Vamos à pergunta que, na verdade, são três ou quatro. Quando penso em literatura contemporânea, falo principalmente do que foi produzido nas letras das últimas décadas do século XX e neste início de milênio. Na minha visão de leitor, essa produção tem pouco a ver com o que chamamos, por exemplo, de Literatura no século XIX – o mais literário de todos os séculos. Naquele contexto, a Literatura era feita basicamente do diálogo com a própria Literatura – uma arte calcada principalmente nas noções de gênero e oralidade que sedimentam a cultura clássica. Depois das vanguardas do início do século XX e de toda arte de ruptura produzida pelo Modernismo, ninguém acredita mais nisso.


O cotidiano do século XX produziu uma sensibilidade maquínica e virtual onde os conceitos de tempo, espaço e identidade são relidos, alterando as concepções artísticas do Classicismo e do Romantismo.  A lição de Walter Benjamin nos ensina que quando mudam os meios de percepção de uma comunidade, transformam-se suas formas de fazer arte, de produzir cultura. Ou seja: não dá para viver no século XXI cercado de mídias, telas, teclas, Iphones e escrever como se estivesse num campo árcade tocando flauta, ouvindo vento, sem IPTU para pagar. Por isso creio que a cara do poeta contemporâneo seja a do sujeito que, dialogando criticamente com o arquivo de formas que a tradição nos legou, consegue inscrever a sensibilidade do seu tempo.


2.Independente do estilo dessa nova geração literária, quero saber, na sua concepção, o que um poema tem que ter/ser para receber a sua nota 10? Que técnica é imprescindível, a seu ver? A teoria deve sobrepujar a subjetividade na produção de um poema?

NG: Teoria é um instrumento contextual e produtivo que serve principalmente para dar aula. A poeta contemporânea Ana Cristina Cesar escreveu que foi salva pela técnica. Quando pensamos em arte, não há salvação sem técnica. Seja na vida ou no texto, é preciso o exercício de uma forma. Além da imagem, a forma remete a sons, noções de sintaxe e de extensão. Os materiais acústicos da forma têm a ver com ritmos e timbres, dentre outros, demarcando uma voz, um jeito de dizer. Por isso não curto poeta que não lê ou aprimora esse jeito. Independente de geração, a nota máxima vai geralmente para o autor que acentua a sua voz. E essa acentuação vocal requer, hoje, um diálogo com diferentes linguagens – verbais e não-verbais – e um domínio da forma que leva em conta, dentre outros, as noções de rapidez, visibilidade e fragmentação.

Esta entrevista completa e os meus comentários sobre os poemas do referido concurso foram publicados em http://autoressa.blogspot.com.br/



quinta-feira, 5 de julho de 2012

greve no "entre aspas"



Iniciada em 17 de maio de 2012, a greve nas universidades federais brasileiras é o tema do programa ancorado por Monica Waldvogel.  O debate dura em torno de 23 minutos. Começa expondo um tema contemporâneo que é  polêmico e pouco debatido: a mudança de paradigmas universitários na produção de conhecimento.  

O programa trata do “caráter mercantil” e da problemática da privatização no ensino superior, da desestruturação do plano de trabalho e das condições materiais das instituições. Ressalta questões como Reuni, aposentadoria e, dentre outros, as relações entre alunos e professores.   Veja no link:

http://g1.globo.com/globo-news/entre-aspas/videos/t/todos-os-videos/v/acordo-sobre-greves-em-universidades-brasileiras-segue-sem-solucao/2024203/