e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

domingo, 21 de novembro de 2010

Silêncio

Lido muito bem com o silêncio. Foi ele sempre um personagem importante em minha vida. Isso me incomodou durante anos, já que a maioria das pessoas prefere alarido. É consenso que a maioria fala muito e faz bastante barunho. Hoje faz mais ainda. O aparato tecnológico (que eu curto pra caralho) amplificou os sons, e o silêncio tornou-se artigo de luxo. Por isso, seja em Pureza (RN) ou Alto do Frade (RJ), sempre inventei os meus exílios repletos de silêncios.
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Atravesso a sonora e bela rua das Laranjeiras, no Rio, com saudades dos silêncios da Glória. Lá reli Camus dizendo que um homem é um homem muito mais pelas coisas que ele cala do que pelas coisas que ele diz. Lendo esse autor estrangeiro, acionei o silêncio viril. Ampliei o respeito pelo espaço produtivo do silêncio, percebendo ser no espaço silencioso que muitas coisas são ditas.
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Com o tempo, somos exímios leitores do silêncio. Passamos a distinguir os silêncios leves dos pesados. Descartamos os climas caóticos e elaboramos os silêncios produtivos. Nossa atitude perante o silêncio alheio diz muito da nossa identidade. Ouçamos este silêncio, my dear. Tomara que ele dê frutos neste quintal das Laranjeiras que, como canta Nando Reis, "satisfeito sorri".

10 comentários:

Carlos(Letras/Lit.) disse...

Prof°.Nonato,boa tarde. Em relação ao que Camus comentou sobre silêncio,concordo plenamente. Sempre gostei mais das pessoas caladas,pois são as que mais têm coisas para dizer. E eu também gosto de me isolar para tentar encontrar um lugar silencioso. Um grande abrç.

Alexandra Moraes disse...

É isso. Silêncios são muito sonoros na maioria das vezes. Então que tal um café silencioso na tarde dessa quarta? Ando saudosa demais de você!!!

Anônimo disse...

Carlos, fico feliz com a tua leitura precisa. Bom ter vc por aqui.

Abraço
Nonato Gurgel

Anônimo disse...

Alexandra querida, estou mesmo precisando de um café com vc. bjs

Vania disse...

O silêncio serve não só pra aquietar as vozes que nos rodeiam, mas principalmente, as vozes de dentro. Essas que fazem ruídos que nos atrapalham em ter um pensamento lógico das coisas. O período de reclusão deveria ser obrigatório pra todo ser humano, acho que erraríamos menos. Mas, fazendo uma análise dos silêncios em minha vida, lembro que muitas vezes o silêncio de alguém me disse muito mais do que um discurso bem elaborado.

Bju Nonato

Anônimo disse...

Vania, vc é mesmo uma poliglota dos silêncios, mas vamos conversar antes de 2011, ok?
...rs

bjs
Nonato Gurgel

Unknown disse...

(risos) A G U A R D A N D O sinal de fumaça.

Fernando Vieira Peixoto Filho disse...

Seu texto é cheio de sentidos, Nonato, e exprime verdades doloridas. Lembra algo que li numa agenda da Vozes, que era mais ou menos assim: "O silêncio é teu mais importante amigo, o único que levarás contigo para a sepultura".

Só me preocupa quando o silêncio se transforma em omissão. A linha entre eles é muito, muito tênue!...

Anônimo disse...

Eterno Professor Nonato...
com saudade de ouvir simples e belas "conclusões" cai na rede em busca de Nonato Gurgel !
E tenho certeza de como aprendi como aprendi com o teu silêncio, acompanhado de um sorriso no canto da boca ...
Saudades, Amanda Fares

Nonato Gurgel disse...

Amanda querida, saudades do seu
sorriso silencioso cheio de
senhas.

bj
Nonato Gurgel