e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

sábado, 15 de setembro de 2012

Atire a primeira pedra



Nelson Rodrigues (1912 – 1980) criou peças teatrais e engendrou narrativas suburbanas repletas de tragicidade e lirismo. Erotismo e violência são ingredientes recorrentes nesta escrita que, a partir da década de 40, foca no imaginário erótico da moderna classe média surgida no século XX. 
 

Embora não seja de sua autoria, a frase que intitula este post é uma homenagem ao autor que melhor encenou o erotismo urbano nos trópicos, e que este ano completaria um século de genialidade e contradição. Ele mesmo se definia como “reacionário”, “anjo pornográfico” ou “flor de obsessão”, dentre outros epítetos.
 

O escritor é cria do jornalismo onde começou a trabalhar aos 12 anos. Foi repórter policial. Anos depois, o jornalista Samuel Wainer sugeriu-lhe “Atire a primeira pedra” como título para uma coluna; mas o autor de “A vida como ela é” preferiu assim intitular sua coluna no jornal Última Hora na década de 50 no Rio.


Em crônicas, peças teatrais, aforismos e romances, Nelson "encenou" os gestos e afetos suburbanos de um país repressivo cheio de tesão.  Tinha, no buraco da fechadura, o melhor ângulo de visão. Pelo buraco leu na carne a porção dionisíaca do seu povo. Numa época na qual não era bacana gostar do Brasil, ele dizia que o brasileiro possui luz própria. Apostava no porvir cultural dos trópicos.

 

4 comentários:

Anônimo disse...

Segundo uma piada de salão, Jesus disse, atire a primeira pedra quem nunca errou. Um sujeito inescrupuloso, atirou um pedra atingindo o alvo, Jesus ficou surpreso e exclamou, Voce nunca errou ?, o sujeito respondeu, dessa distancia nunca!. Nonato velho amigo, estamos vivendo no fio da navalha da insensatez, e o mundo está cheio de cínicos no poder: Todos os dias massacram indefesos, e dizem que os massacrados são os culpados. Resistiremos com nossas consciências até o fim de nós mesmos, ou até o fim dos tempos! Voce é uma lampada acesa nessa escuridão da insensatez. Bôa Noite.
Geraldo Spinelli Junior-Natal- RN-

ANNA disse...

Olá Nonato,bom dia! Mais do que o erotismo a flor da pele de nossa gente,Nelson foi um dos poucos autores que conseguiu captar a dualidade da moral do "comportado" subúrbio carioca,com sua ironia cítrica,trouxe para a cena aberta os desejos e conflitos que antes,pertenciam somente as quatro paredes e as janelas fechadas.
Nelson deu voz,com clareza rascante,aos pensamentos e opniões do carioca na cama,na política,na crônica policial e nos campos de futebol. Leva-se tempo para entende-lo,para ama-lo e para,sem pudor,surpreender-se a cada linha relida.
Abraços,
Anna Kaum.

Nonato Gurgel disse...

Opa Geraldo, é sempre bom encontrar o antigo amigo por este mundo virtual de meu deus. Teu comentário falando em Jesus e lâmpada lembrou-me Matheus: "A lâmpada do corpo é o olho".

Abraço

Nonato Gurgel disse...

"Nelson deu voz,com clareza rascante, aos pensamentos e opniões do carioca na cama, na política, na crônica policial e nos campos de futebol."

Anna, gosto da sua leitura incisiva e dos comentários que alumiam. Não demore que este espaço é nosso. Estava com saudades.

bj