e todo caminho deu no mar

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"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Memórias eróticas de um país repressivo cheio de tesão


Nelson Rodrigues é o autor brasileiro que mais vi do que li. Primeiro vi Nelson via Jabor: “Herculano, aqui quem fala é uma morta” – nunca esqueci a voz de Darlene Glória girando no gravador. Eram as primeiras cenas do filme “Toda nudez será castigada” e meu primeiro espanto no universo rodrigueano. Primeiros passos na educação sensorial. 

Dizendo-se cristão, o autor de “Vestido de Noiva” (1943) rasurou as cartilhas religiosas e estéticas do Brasil moderno. Questionou bulas ideológicas, da esquerda e da direita, no contexto ditatorial dos anos 70 e 80. Afirmava ser Marx uma besta. Como rezam as imagens dos mais de 20 filmes baseados em sua obra, o sexo atrapalha o amor.

No universo pujante e contraditório dos afetos e das paixões, o autor pernambucano que melhor encenou o corpo e a alma da classe média suburbana era provocador: dizia que só as mulheres normais gostam de apanhar; afirmava ser preciso paixão até para chupar um picolé.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Professor, gosto muito do NR e do blog, mas assim como a gente sabe que Marx não é uma besta, não seria o amor que atrapalha o sexo?

Abraço
Paulo

Nonato Gurgel disse...

caro Paulo, voltem sempre, vc e suas perguntas.

abraço