e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

domingo, 17 de março de 2013

sonho



Sabemos que o sonho está presente na obra de vários auores, mas creio que em nenhum outro ele perpassa quase toda uma escritura, como acontece no caso Borges – um escritor que dizia sonhar todas as noites. Ele assumia retirar dos sonhos alguns argumentos para os seus contos, e publicou em 1976 o Livro dos Sonhos. Pela ótica borgeana, os sonhos são textos atemporais lidos como um gênero antigo. Desde a Bíblia.


No conto “As Ruínas Circulares”, de Ficções, Borges elege dentre outros três temas: o sonho, o duplo e o eterno retorno. Desses temas, o sonho é, sem dúvida, o mais freqüente neste conto do gênero fantástico que é uma usina onírica. Há nele uma profusão de sonhos. Sonhos caóticos, amorosos, premeditados... Um homem sonha outro homem: “Era um Adão de sonho que as noites do mago tinham fabricado.”

Segundo Freud, o sonho dá acesso ao inconsciente. Para ele, a matéria prima de que se constroem os sonhos são os desejos inconscientes, embora os estímulos sensoriais também influam na tessitura dos sonhos. No conto de Borges, o homem sonhado desperta por fim: “Com alívio, com humilhação, com terror, compreendeu que ele também era uma aparência, que outro o estava sonhando
.”
 
 

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