e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

domingo, 23 de outubro de 2011

O Turista Aprendiz

para Camila e Valéria, damas do Norte



Uma vontade de dar nome... p. 63

Vogamos rastejando a margem. p. 69

Então, despoje o caule dos espinhos e cheire, cômodo, a flor. p. 83

Pirarucu tem o coração na garganta. p. 96

Criei passado outra vez, botei a cara na estrada e lá fui num passo inclinado, comedor de légua. p. 140

E a beleza de Marajó com a sua passarada me derrubou no chão. p. 160

Nenhum tubarão, nenhum naufrágio, nem pelo menos um incêndio a bordo... p. 194

... chegamos ao Tirol, altura onde moro hospedado pela ventania.
 ...Não atravanco a paisagem. p. 207

... insistindo na conceitualidade marxista do caju, está claro que as tendências do meu tempo me levam a desimportar-me cada vez mais com a inutilidade individual. p. 215





Andrade, Mario de. O Turista Aprendiz. Estabelecimento do Texto, Introdução e Notas de Telê Porto Ancona lopez. Belo Horizonte: Itatiaia, 2002

2 comentários:

Valeria Rosito disse...

Agora entendo porque depois desse turista aprendiz, Guimarães Rosa sugeriu em "Desenredo" que "o passado se opera". Saber-se comendo léguas,ao invés de simplesmente pondo pé na estrada; hospedar-se pela ventania ao invés de simplesmente buscar um pouso; e, principalmente, desimportar-se com a inutilidade individual - eis a diferença que faz esse companheiro de viagem, Mário - imprime norte e oriente em retinas embaçadas pela velocidade de nossos tempos.

Nonato Gurgel disse...

Bela leitura, Valeria.
Gosto muito desse diálogo que vc teceu entre o enredo da viagem do Mario e o "Desenredo" narrativo do Rosa. Uma sacada produtiva que anuncia a viagem que ja começou rumo ao Norte.

Abraço