e todo caminho deu no mar

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"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Mãe e filho

Para Constância Duarte


Filias e filiações tecidas a partir do entorno, do que se pega antes da mão ouvir. A casa. O cheiro bom e a estupidez da casa.  A imobilidade da casa que côa o sol e o deslocamento dos seres que a habitam.


Corpos abandonados por suas almas. Corpos e casas reinventados. Uma morta interpõe-se entre o velho e o menino? Nojo e declínio na leitura da finitude. Adubondade.

Essas figurações de vida e morte constituem alguns dos núcleos temáticos que estruturam o belo romance “O filho de mil homens” (2011) do escritor português Valter Hugo Mãe, autor do pujante "A máquina de fazer espanhóis" (2007) - narrativa que tem como personagem o Esteves da "Tabacaria" de Pessoa.


A seguir, trechos desta ficção que comove e ratifica a vitalidade do amor e da saudade na cultura portuguesa, de olho na construção de outros arranjos familiares e nos novos formatos das relações contemporâneas.

 
... podia afirmar com rigor um cuidado de valores que ratificariam a sua existência ... p. 154

Era uma doença que lhe saía nas palavras. p. 178

Cada filho somos nós no melhor que temos para dar. p. 181

... ambos sentiram que a natureza toda os entendia e geria a sua inteligência para favorecer os seus desejos. Puseram-se de luz, como se caíssem de um candeeiro. p. 196

2 comentários:

ANNA disse...

Quando eu era menina,como toda menina no meu tempo de menina,sonhava com filhos.Mais tarde a medicina me roubou a ilusão e no espelho,entre suspiros,não me restava muita opção.Tinha que me aquietar,me reinventar,procurar em outro lugar os pedaços de história que formariam meu caminho. No fundo,não sabia ao certo se era mesmo ser mãe o que queria.
Um dia,sem que me ocupasse em querer,de dentro de mim,meu filho se apossou e no meio da estranheza cheia de perguntas,a minha revelia ele crescia.
Isto foi a dezoito anos atrás e não sei o que seria se ele não tivesse vindo.Ele é o outro e eu mesma,minha sanidade,minha alegria,minha escolha perfeita,a parte inteira da minha colcha de retalhos.
Se voce me perguntar o que é ser mãe,lhe direi que não sei,de todas as definições,nenhuma se encaixa e se me perguntar o que é ter um filho e conviver com ele e se deixar ensinar,só poderei lhe dizer que não conheço as palavras.
Abraços,Anna Kaum.

Nonato Gurgel disse...

Anna, embora sem permissão, transformei o seu comentario em post. Tomara q vc curta. bj