Num país que lê pouco, e cuja bibliografia sobre a
profissão e o exercício do magistério é curta, o livro Conversas com um professor de literatura (Rocco, 2013), de Gustavo
Bernardo, é uma leitura imprescindível. Fazia falta, no universo pedagógico e cultural, um
livro assim. Um livro feito das perguntas que fizeram ao autor "ao longo de muitos anos como professor de literatura".
Conversas com um professor de literatura é um livro voltado principalmente para quem leciona ou estuda disciplinas das áreas das ciências humanas. Um texto escrito ao longo de dois anos para professores e profissionais das áreas da cultura e do saber. Para leitores que lidam com aulas e alunos,
métodos e temas afins.
Embora trate de autores, conceitos e procedimentos presentes em vários manuais de educação e de teoria, este livro atualiza, no contexto cultural no qual é lançado, algumas formas e ideias do seu tempo. O autor não subordina suas leituras. Ele vai da arte e da filosofia clássicas aos produtos da cultura contemporânea. Mesmo quando encara temas "difíceis" como big brother ou Paulo Coelho, suas leituras rendem.
forma e conteúdo
Construído em torno de perguntas e respostas divididas em quatro
partes – Educação, Redação, Literatura e Filosofia – o volume aborda também questões existenciais e vocacionais. Essas abordagens "traduzem" alguns mitos e lendas ligadas ao discurso do senso comum, cujo eco na sala de aula é forte, como ouvimos em "Basta ler resumo?" ou "Por que lutar contra moinhos de ventos?"
Em alguns textos, as respostas do professor são "narradas" pela voz do autor. A leitura flui. Ele "narra" com leveza e alta taxa de oralidade, como ouvimos no texto "Qual é a diferença entre ética e moral?" Para elucidar essa diferença, o autor lança mão de uma história árabe, e constroi um texto híbrido que mistura lenda, conceito filosófico e fatos políticos da história racial americana.
As lições de Gustavo abrangem diferentes questões éticas e culturais. Demonstram amplo repertório estético e vasta experiência pedagógica-existencial. O uso desse repertório aliado a essa experiência é bastante produtivo, como lemos no belo "A filosofia ajuda a literatura?", onde "a narrativa de Riobaldo é atravessada pela contradição e pela pergunta".
Em alguns textos, as respostas do professor são "narradas" pela voz do autor. A leitura flui. Ele "narra" com leveza e alta taxa de oralidade, como ouvimos no texto "Qual é a diferença entre ética e moral?" Para elucidar essa diferença, o autor lança mão de uma história árabe, e constroi um texto híbrido que mistura lenda, conceito filosófico e fatos políticos da história racial americana.
As lições de Gustavo abrangem diferentes questões éticas e culturais. Demonstram amplo repertório estético e vasta experiência pedagógica-existencial. O uso desse repertório aliado a essa experiência é bastante produtivo, como lemos no belo "A filosofia ajuda a literatura?", onde "a narrativa de Riobaldo é atravessada pela contradição e pela pergunta".
O recorte vocabular do texto é acessível a mestres e alunos.
É acessível também para os demais leitores interessados nas ações de ler,
escrever e pensar. Esse recorte vem acrescido de um tom coloquial, às vezes meio confessional; o que
torna sedutora a audição destas “Conversas”. Nelas, quem lê tem voz. Parece que o professor explica quando o aluno não entende.
Para sua explicação, o autor recorta um luxuoso “cânone” particular: ele cita desde autores clássicos como Cervantes e Machado de Assis, até escritores modernos como Fernando Pessoa, Guimarães Rosa e João Cabral. O autor relê também filósofos fundamentais como Foucault e Vilém Flusser, além de autores contemporâneos como Mia Couto e Adriana Lisboa.
Para sua explicação, o autor recorta um luxuoso “cânone” particular: ele cita desde autores clássicos como Cervantes e Machado de Assis, até escritores modernos como Fernando Pessoa, Guimarães Rosa e João Cabral. O autor relê também filósofos fundamentais como Foucault e Vilém Flusser, além de autores contemporâneos como Mia Couto e Adriana Lisboa.
Todos esses autores são inscritos por um professor e
escritor cujo trânsito nos universos da ficção, do ensaio e da literatura
infanto-juvenil é bastante produtivo (vide bibliografia no final da entrevista). Um autor que tem na práxis da leitura e da sala de aula a sua mediação como intérprete do mundo, do outro e de si. A seguir,
quatro perguntas para ele.
Um comentário:
desperta mesmo
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