Assim como Euclides, Gereba faz da tragédia, arte. A paisagem sonora e geográfica de Canudos permeia a sua produção musical. Com base nas experiências orais dos cenários bélicos e místicos do Nordeste, ele lançou o Cd Canudos, cujas faixas “Duas Pedras” e “Sossego da Vila” sintetizam as performances vocais e instrumentais do autor e seu exímio violão. O encarte abre com um texto de Antonio Conselheiro – líder místico e social que inspirou, em 1897, a revolta contra a igreja e o Governo; e que inspira, cem anos depois, a parceria com Ivanildo Vilanova em “A História fará sua homenagem”.
Transitando entre temas urbanos (Trovadores Urbanos) e rurais (Sertão), entre acordes populares (Dom Quixote xote xote) e eruditos (Canções que vêm do sol), Gereba filia-se a uma trajetória musical que possui em Luiz Gonzaga e Villa-Lobos algumas de suas raízes. Participou de discos fundamentais da nossa música como Jóia, de Caetano Veloso, e Contrastes, de Jards Macalé. Gravado por Elizeth Cardoso e Paulo Moura, dentre outros, possui Capinam, Tom Zé, Abel Silva e Renato Teixeira como parceiros.
Em Gereba convida, o compositor dialoga musicalmente com o que a canção brasileira produziu de mais moderno e sofisticado em termos de interpretação: Cássia Eller, Cida Moreira, Na Ozzetti e Tetê Espíndola, dentre outros. Essa trajetória artística atesta o diálogo estético que Gereba engendra - há mais de 30 anos - entre a antena pop e global e a sua pujante raiz histórica e cultural.
Nenhum comentário:
Postar um comentário