Para Tetê e Fátima Bezerra
No momento em
que o Brasil começa a olhar para o seu passado como procedimento que permite
avançar e se ver, o texto “Os nossos holocaustos”, de Cristóvão Buarque,
publicado nO Globo em 19 de abril, auxilia na releitura da nossa narrativa
histórica. Como sugere o título do texto, Cristóvão nos convoca a rememorar alguns
dos nossos holocaustos – principalmente a morte de 4 a 5 milhões de índios, e a
escravidão de 4 milhões de negros arrancados da África como mercadoria durante
mais ou menos 300 anos. Negros e índios não tinham alma, pensava o colonizador.
Em 2005, Lula
viajou ao Senegal – ponto de saída dos navios negreiros para as Américas – e
pediu perdão aos africanos por causa da escravidão. Um gesto histórico. Na Casa
dos Escravos, Lula falou do grave erro histórico que foi o regime da
escravidão, e instituiu as cotas raciais nas universidades brasileiras como
procedimento que tenta algum reparo. Depois de muita celeuma, o STF aprovou em
2012 a legalização das cotas – por unanimidade – derrotando a postura conservadora
do DEM.
Na semana
passada, cinco universidades fluminenses – UFF, UERJ, UFRJ, UNIRIO e UFRRJ –
outorgaram o título de doutor honoris causa a Lula. Nada mais justo. Com
diploma de torneiro mecânico, ele criou 12 universidades (superando a marca das 10
criadas na era JK). Alfabetizou corações e mentes. Como disse o primeiro presidente americano negro, ele é o
cara. Encarou os nossos holocaustos e, para receber o referido título, subiu as
escadas do teatro João Caetano sem bengalas.
5 comentários:
narrativa punk
bj
LH
cara o Jabor ironizou esta semana
este titulo que o lula ganhou, disse que ele nunca leu um livro...rs
Alô Nonato!Cotas é um assunto delicado e confuso,ao mesmo tempo que algo precisa ser feito para dar a comunidade negra as mínimas condições de alcançar o ensino superior,fico me perguntando até quando vamos nos contentar com paliativos?
Uma educação que de conta de atingir todas as camadas da sociedade,reconhecendo suas especificidades e respeitando sua cultura,não pode se deitar no berço esplêndido do remendo.
Cada vez que vejo mudanças na embalagem sem mexer no conteúdo,sinto vontade de chorar.
Não há cota que de jeito nas condições em que sobrevivem professores,alunos e escolas Brasil a fora.
Se a cota é importante?Sem sombra de dúvida.
Se basta? Nem de longe
Quanto ao Lula,qualquer pessoa que com a biografia dele,chegou aonde chegou,merece ser reverenciado.Sua trajetória e carisma são incontestáveis e o que significa para a história recente do país,também.
Abraços,Anna Kaum.
punk, LH, é a história do Brasil
Jabor fala como se o fato de uma pessoa ler um livro a tornasse
melhor do que quem não ler? Será que ainda tem quem acredite nisso?
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