e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

sábado, 2 de junho de 2012

Ana C (02/06/52 - 29/10/83)



    e hoje os sertões chamegam de
chamegos nos cometas lustrosos
        dos alcoólatras vadios,
                          mu!
 
 
para encontrar, sempre
     que possível, rabiscos,
literaturas, ânsias
      metafóricas e desconsoladas.
            Adeus?

              Foto: Aderaldo Luciano

Este poema não se encontra em nenhum dos nove livros da escritora carioca Ana Cristina Cesar que faria 60 anos hoje. Ele foi escrito pela autora na página de um dicionário de inglês, cuja cópia me foi cedida pela professora Maria Luisa Cesar, mãe da poeta, em 1996.


O poema começa com alusões ao tempo e ao espaço – “e hoje os sertões”. Há nele uma voz que elege o presente e a margem como espaço da escritura poética, da condição existencial. Uma voz que narra de olho nos “cometas” e que, feito a lema, deixa um rastro prateado quando passam.


Trilhando as veredas modernas que Euclides da Cunha e Guimarães Rosa abriram em nossas Letras, Ana Cristina dilata os limites da representação e do regionalismo. Com essa dilatação, ela estetiza uma terceira margem literária na qual a nostalgia e a indelicadeza jamais são imitadas.


Nesta margem narrada pela autora, vinga um texto no qual aflora uma subjetividade aflita, deslocada.  Subjetividade essa que caracteriza o “hoje” de quem rabisca, na tentativa de armar a tecnologia do fazer literário, de responder a pergunta do roteiro.

  

4 comentários:

ANNA disse...

Desejo,mais e mais,a cada dia,voltar para o Rio por milhares de razões,mas,uma delas certamente seria,sem nenhum pudor,pedir a você que me ensinasse o que mais gosto de fazer:Escrever,escrever e escrever.
Bjs,Anna Kaum

Nonato Gurgel disse...

Anna, exímia leitora, vc sabe que às vezes o ato da escrita ajuda a responder as perguntas do roteiro.

bj

telma disse...

Como tua amiga Anna, eu também sonho com a minha volta para o Rio. No Rio tem tanto e tem você. Beijos

Nonato Gurgel disse...

Telma querida

é sempre bom encontrar vc aqui
quando vier ao Rio venha tomar café aqui no ap

bj