e todo caminho deu no mar

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"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Getúlio Ramos


Confesso que fui ver, com o pé atrás, o filme do João Jardim. Tony Ramos como Getúlio Vargas?

Este personagem me seduz em qualquer formato: seja o livro do Cony, o filme da Ana Carolina, a peça do Gullar, o Agosto do Rubens Fosenca, a minisérie da TV Globo ou exposição dos 50 anos no Palácio do Catete, saio sempre muito mexido. A cada releitura, Getúlio confirma-se a metáfora do Brasil no século XX. Síntese moderna e contraditória do que somos desde ele, com algumas mudanças, claro, mas tudo muito lento. Como convém a um povo conhecido pelo seu “jeitinho”. Um país jovem e belo, com dificuldades de lidar com o passado.

Escrita no final do filme, a frase de Tancredo Neves – que relaciona os militares do contexto da era Vargas com a ditadura militar dos anos 60 –, é um achado. Conecta.  Sinaliza também a porção trágica de Minas Gerais, na história do Brasil, desde Tiradentes, passando por JK, dentre outros. “Bruxo... que revive em mim tantos enigmas” - Getúlio lido por Carlos Drummond. Além do poeta mineiro, sabemos que foram, no mínimo, enigmáticas as relações do presidente gaúcho com outros autores e personagens históricos como Olga Benário, Graciliano Ramos e Stefan Zweig.

Tony como Getúlio? Sim. A imagem não sai da minha cabeça. Principalmente pela composição minunciosa e ritmada. Após 50 anos de carreira, um ator renasce novinho em folha. Direção e elenco de parabéns.  Mesmo um certo  didatismo do filme é bem vindo, neste momento em que a Comissão da Verdade mostra um pouquinho do nosso passado violento que temos dificuldade em reler. No link abaixo, com imagens e textos do século passado, o meu Getúlio:
 
http://arquivodeformas.blogspot.com.br/2009/07/eu-getulio-fragmentos-do-modernismo.html


Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente, o filme é bom.