e todo caminho deu no mar

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"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Francisco




Ao dizer que a cúria romana sofre de “infidelidades ao Evangelho”, o papa surpreendeu, às vésperas do natal, detonando o “alzheimer espiritual” que acomete parte da igreja. Isso, sem contar a “força” que ele deu para que EUA e Cuba reatassem relações diplomáticas suspensas há mais de 50 anos. Isso não é pouco: demonstra que o pontífice atua em duas frentes: uma, interna, concernente às questões da própria igreja; outra, de mirada visivelmente externa e filiação social.
 
Se o universo religioso sofreu em 2014 de "alzheimer espiritual", o espaço sócio-político registrou, neste ano, uma altíssima taxa de violência. Este foi um ano punk. Ano de perdas e guerras (Síria, Copa, Petrobrás), no qual o Brasil - campeão em acidentes de trânsito - ocupa um bom lugar no ranking da violência mundial: matamos mais de 10 mulheres e 1 gay a cada 24 hs. Povo cordial?
 
2014 foi também o ano no qual jovens inocentes pediram, em manifestações, a volta dos militares que não permitem manifestações. Para continuarmos no universo de Francisco, lembremos que enquanto a Argentina termina o ano punindo participantes da ditadura militar dos anos 70, os nossos militares sequer assumem as 436 mortes registradas pela Comissão da Verdade (sobre este tema, sugiro uma visita ao site Memórias da Ditadura).

Sabemos que a igreja é canônica, e que todo cânone é feito em cima da tradição, do passado. Isso significa que a igreja adora olhar para trás. Quer dizer que o papa ama a tradição. Creio que Francisco também gosta do passado, mas ele tem um pé no presente que é uma lufada de vida em meio ao "alzheimer" e à violência nossos de cada dia. Ao detonar a pompa e a pose em prol dos pobres, ele é o cara! Lembra o cara mais celebrado hoje: Jesus.
 
 
 

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