
O Rio de Janeiro é uma cidade cujas formas – naturais, urbanas e históricas – abastecem com luminosidade e ritmo o olhar de quem cria, fazendo com que os pés vejam, os olhos ouçam, o corpo fale. Leitora diária da paisagem carioca há mais de duas décadas, Jussara Santos ouve o diálogo entre natureza e cultura nas formas de Copacabana, Flamengo, Largo do Machado e Tijuca, dentre outros. Seus painéis inscrevem os cenários culturais que nos circundam, consomem e abastecem nossa fé.
Jussara assume que suas paixões são sociais. Senhas dessas paixões estão nos fios elétricos que atravessam o painel visto a partir da margem, e na miniatura dos corpos negros que compõem o cenário. São também visíveis, essas senhas, na fé que a artista ostenta ao subir às margens, escalar morros, filmar comunidades em busca de ângulos inusitados. Visão que rasura a beleza previsível e colorida do cartão postal.
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Os “Painéis do Rio” não ostentam a nobreza solene e segura que as molduras delimitaram na história da arte. Nada limita as margens destes painéis. Seus leves suportes dizem muito da ação da portabilidade e da noção de movência do nosso tempo. Dizem também estar, nestes amplos espaços públicos, a matéria que Jussara usa para aproximar a arte e a cultura dos cenários cotidianos nos quais transitamos.
Através desses painéis – antes desenhados na pele de quem cria –o leitor de imagens banha os olhos nas formas do Rio e ouve, cheio de fé, a fala da paisagem.
2 comentários:
à primeira vis(i)ta... E Jussara..., daqui também. Vocês riando...Coisa boa terem se achado. (os textos são maravilha)... Vou dormir melhor, hoje.Coisa bonita faz isso... Beijo você.
Não sei o que sucedeu: sumiu o início do comentário... Fui eu não... Tinha dito: foi amor à primeira vis(i)ta.Computador é sempre co-autor (parece que não há mais hífen aí...). Bibeijo você.
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