ÂMBAR
Tá tudo aceso em mim
Tá tudo assim tão claro
Tá tudo brilhando em mim
Tudo ligado
Como se eu fosse um morro iluminado
Por um âmbar elétrico
Que vazasse dos prédios
E banhasse a Lagoa até São Conrado
E ganhasse as Canoas
Aqui do outro lado
Tudo plugado
Tudo me ardendo
Tá tudo assim queimando em mim
Como salva de fogos
Desde que sim eu vim
Morar nos seus olhos
I
- "Canções?"
- Sim, canções.
Esta é a letra que você pediu, de forma escrota, no silêncio de ontem. Começo a perder a noção do abrigo e, sem dicionário nem roteiro teórico, plugo na veia: "tudo plugado". Cauto? Perco o sentido do que seja a palavra cauto, sabia? Nem aí. Também não temo mais a mulher-cacto. De pau duro, aprendo como encarar. Já sei driblar a dureza quando ela vem vindo ao meu encontro na calçada central. Consigo adiar com vigor a seiva no compasso da espera. Passo a passo? Cumpro todas as etapas.
II
Profissional, leciono a lição bandida de quem cala sem consentir porra nehuma. Metodologia que você usou na noite passada quando ianugurou no meu pau outro paradigma. Depois disso, não saio mais por aí respondendo às migalhas virtuais nem busco espelho. Também não sintonizo no plano físico a mente que ruge a qualquer trocado. Cansei de irrigar a noite com fumaças românticas, tempos pretéritos, solicitações tacanhas sempre adiadas. Agora é agora. Não sou pessoa que tenha por ora algum desassossego ou saudades do futuro.
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III
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Eu queria te dar um rango bem legal, juro. Mas por enquanto só Calcanhoto me socorre com sua gramática acesa de quem pisou do outro lado. Você vai ver: "tudo plugado". No pc, no cacete, na canção... Talvez você já esteja vendo... Ouça bem, meu bem: não temo mais a derrapagem na curva perigosa. Drummond passou a senha, amor: não me mato, não mato o leiteiro e ainda amo a água, o beijo, a sede que, por enquanto, te agasalha. Mas vê se não marca. Qualquer desatenção...
Um comentário:
lindo o texto,a flor da pele......
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