e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

sábado, 12 de setembro de 2009

Cheiro














Para Telma que adora cheiro

Acho que devo a Jung a primeira notícia que tive acerca do cheiro. Digo: do poder do cheiro. Com o autor de Memórias, Sonhos e Reflexões (Autobiografia escrita com Aniela Jaffé) aprendi ser o olfato o sentido que mais remete à memória. Desde então, comecei a ler o mundo também pelas narinas. Ligado desde cedo ao universo literário, senti ratificado em vários autores essa força poderosa dos olores.

Literatura é cheia de cheiros. Talvez seja Proust o padroeiro do olfato. Ele ensina que a nossa memória encontra-se fora de nós: no cheiro do quarto abafado, no olor exalado ao cair da chuva, na fruta descascada, e por aí vai. Na literatura brasileira, Roberto Drummond é um dos autores que mais possuem obsessão pelo olfato. A ponto de escrever O Cheiro de Deus. Em matéria de aroma, Roberto só perde para outro mineiro também Drummond: "Tem gente que tem cheiro/ de colo de Deus,/ de banho de mar/ quando a água é quente e o céu é azul."

Grifei de vermelho no Lavoura Arcaica, do Raduan Nassar, ao ler o “cheiro avinagrado” do cesto de roupas da família de Pedro. Cheiro que lembra os olores de fumo e alho exalados pelo corpo de um personagem de Sábado, o belo romance inglês de Ian McEwan. Tem mais cheiro a seguir...

2 comentários:

Anônimo disse...

Minha paixäo, o comentario do cheiro está divino, eu tb me apaixono pelo cheiro da chuva...da carne...da infancia...do passado e futuro!!!!

Fátima Jácome

Nonato Gurgel disse...

Fátima, e os cheiros de Caraúbas?