e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

domingo, 20 de julho de 2014

russo de roer


Foi só o tempo que errou.

Renato Russo
 
para os mestres Ilza Matias,
Luiz Alberto e Fernando Vieira,
gauches no país do magistério

  
Dado à dor e à disciplina
à liberdade no confronto 
entre a loucura e o amor
ele ouvia ecos bíblicos
tinha mania de eleger
era máquina de optar

Destemido quanto à língua 
e o pau pra fora no palco
viveu a vertigem de ser
livre gauche incendiado
do afeto perdeu os prazos
luz e cinzas sobre o Rio é

Preveu o só o caos tocou
fogo nos mitos bebeu
o mar aberto a tempestade
o que vem é perfeição
minha laranjeira verde
animal que lodo sou

Fênix que ao voar devora
o tempo e trilha sonora é
do Brasil redemocratizado
releu ruínas sacras e cinzas
o livro dos dias e o sopro 
do dragão na ceia dos sonhos


 
 
Natal/Rio, 20 de julho de 2014


 


4 comentários:

Anônimo disse...

vc diz "animal que lodo sou", eu digo "animal que lobo sou".

bj

Nonato Gurgel disse...

Gosto do lobo, mas o lodo reune dois reinos em um so ser, e remete ao verde das laranjeiras. Conhece essa canção do Renato?

Fernando Vieira Peixoto Filho disse...

“É a verdade o que assombra, o descaso o que condena, a estupidez o que destrói.”

Parabéns, caro amigo, pela sensibilidade explicitada no poema, e obrigado pela alusão ao meu nome.

Monique Brito disse...


"entre a loucura e o amor"
o curto-circuito desconfortante.

beijo,
Monique