
Para sempre teu, Caio F., Paula Dip, Rio de Janeiro/ São Paulo: Record, 2009
01 – “Canta, ó Musa, o varão que astucioso”
- Este primeiro verso da Odisséia (livro que serve de base para a cultura ocidental) faz referência a MNEMÓSINE – a deusa da memória, e ao varão cheio de astúcia que é Ulisses...
02 – Ulisses Ou Odisseu
Rei de Ítaca
Esposo de Penélope
Pai de Telêmaco
03 – O deus dos mares
Durante dez anos, Ulisses viaja pelo mundo, como narra a Odisséia. Numa primeira etapa desta viagem, ele encara as dificuldades criadas por POSEIDON – o deus dos mares que apronta todas, cria tormentos, maldades...
04 – A memória
Em sua viagem de retorno, Ulisses corre o risco de perder a memória. Por quê? São várias as tentações: o fruto do lótus; as drogas de Circe; o canto das sereias... A perda da memória é uma das principais ameaças para Ulisses. Ele precisa extrair experiência, transmitir lições, produzir o sentido a partir do que ele viveu. Por isso não pode esquecer. Nem pode esquecer o roteiro do futuro para o qual ele viaja.
05 -Italo Calvino lê Homero/Ulisses
"... Em todas as situações Ulisses deve estar atento, se não quiser esquecer de repente... Esquecer o que? A Guerra de Tróia? O assédio? O cavalo? Não: a casa, a rota da navegação, o objetivo da viagem."
.
(Italo Calvino, Por que ler os clássicos)
06 – A companheira
Na segunda etapa da viagem, Ulisses volta para o seu lar. O retorno se dá sob as bênçãos de ATENA – a deusa do pensamento, da sabedoria; patrona das artes e dos ofícios.
07 – O primeiro herói grego com inteligência e força física.
Ulisses vence todas as dificuldades e regressa são e salvo ao seu país por dois motivos: ele é o herói de mente perspicaz (raciocínio), e utiliza a força física (equilíbrio).
08 – Pensar é agir
“Porque é capaz de raciocinar e avaliar as coisas”, Ulisses pensa antes de agir; enquanto os “outros heróis se atirariam cegamente para a luta”.
09 – Com o advinho no Hades
Na viagem, Ulisses desce ao Hades. Lá, munido de sua espada, ele encontra TIRÉSIAS – o advinho cego que dá informações de como o herói deve chegar a Ítaca, a terra onde ele é rei.
10 – Encontro com Sísifo e a mãe
O Hades é um espaço problemático, o mundo da sombra. Lá encontram-se, dentre outros, a mãe do herói e Sísifo – aquele que empurra pedra montanha acima, e que com ela escorrega de volta quando chega ao topo.
11 - Sísifo (pedra, estabilidade) x Ulisses (água, movimento)
Sísifo é o avesso de Ulisses e sua viagem marítima. O roteiro terrestre de Sísifo não leva a lugar nenhum. A tarefa do seu ser nada completa. Sua viagem não chega. Sísifo é a própria pedra que ele carrega.
12 – Retorno a Ítaca
Para retomar a família, as posses e o poder, é necessário o disfarce como velho mendigo. Mas a cicatriz de Ulisses dá bandeira. Através dela, a cicatriz na coxa, o herói é reconhecido por Euricléia – sua antiga ama. O cão Argos também saca a artimanha do seu antigo dono.
13– Porto Alegre (Nos Braços de Calipso)
Péricles Cavalcanti
Amarrado num mastro/ Tapando as orelhas/ Eu resisti/ Ao encanto das sereias/ Eu não ouvi/ O canto das sereias/ Eu resisti/ Mas chegando à praia/ Não fiz nada disso/ Então caí/ Nos braços de Calipso
Eu sucumbi/ Ao encanto de Calipso/ Não resisti/ Depois disso eu não tive/ Nenhum outro vício/ Senão dançar/ Ao ritmo de Calipso/ Pois eu caí/ Nas graças de Calipso/ Não resisti/ Ao encanto de Calipso/ Só sei dançar/ Ao ritmo de Calipso/ Calipso
Eu ando pelo mundo/ Prestando atenção em cores/ Que eu não sei o nome/ Cores de Almodóvar/ Cores de Frida Kahlo/ Cores!/ Passeio pelo escuro/ Eu presto muita atenção/ No que meu irmão ouve/ E como uma segunda pele/ Um calo, uma casca/ Uma cápsula protetora/ Ai, Eu quero chegar antes/ Prá sinalizar/ O estar de cada coisa/ Filtrar seus graus.../ Eu ando pelo mundo/Divertindo gente/ Chorando ao telefone/ E vendo doer a fome/ Nos meninos que têm fome.../Pela janela do quarto/ Pela janela do carro/ Pela tela, pela janela/ Quem é ela? Quem é ela?/ Eu vejo tudo enquadrado/ Remoto controle.../
.
Eu ando pelo mundo/ E os automóveis correm/ Para quê?/ As crianças correm/ Para onde?/ Transito entre dois lados/ De um lado/ Eu gosto de opostos/ Exponho o meu modo/ Me mostro/ Eu canto para quem?/ Pela janela do quarto/ Pela janela do carro/ Pela tela, pela janela/ Quem é ela? Quem é ela?/ Eu vejo tudo enquadrado/ Remoto controle.../ Eu ando pelo mundo/E meus amigos, cadê?/Minha alegria, meu cansaço/ Meu amor cadê você?/ Eu acordei/ Não tem ninguém ao lado.../ Pela janela do quarto/ Pela janela do carro/ Pela tela, pela janela/ Quem é ela? Quem é ela?/ Eu vejo tudo enquadrado/ Remoto controle.../ Eu ando pelo mundo/ E meus amigos, cadê?/ Minha alegria, meu cansaço/ Meu amor cadê você?/ Eu acordei/ Não tem ninguém ao lado.../ Pela janela do quarto/ Pela janela do carro/ Pela tela, pela janela/ Quem é ela? Quem é ela?/ Eu vejo tudo enquadrado/ Remoto controle...
Para Miriam Juvino, moça do Recife que acaba de lançar o vídeo Deus lhe pague (2009), e que me proporcionou momentos marcantes no show que Paulinho da Viola fez ontem no Canecão.
A razão porque mando um sorriso/ E não corro/ É que andei levando a vida/ Quase morto/ Quero fechar a ferida/ Quero estancar o sangue/ E sepultar bem longe/ O que restou da camisa/ Colorida que cobria minha dor/ Meu amor eu não esqueço/ Não se esqueça por favor/ Que eu voltarei depressa/ Tão logo a noite acabe/ Tão logo esse tempo passe/ Para beijar você
(Paulinho da Viola)
Washington, 22/06/08. Segundo Wisnik, esta música "...é uma límpida afirmação de que a canção universal está viva". Ela lembra as antigas e belas toadas/baladas dos tempos de Refazenda (1975) e Refavela (1977): "Morrer deve ser tão frio/ quanto na hora do parto" ("Aqui e Agora").
Desde o corpo no chão de "Domingo no Parque" (1967), a temática da morte é recorrente nesta poética. Na década de 1980, no auge de sua safra musical, Gil compôs "Então vale a pena" (gravada por Simone) onde diz: "Se a morte faz parte da vida/ E se vale a pena viver/ Então morrer vale a pena/ Se a gente teve o tempo para crescer/ Crescer para viver de fato/ O ato de amar e sofrer/ Se a gente teve esse tempo/ Então vale a pena morrer".
Gil parece ser o único autor da música brasileira que compôs uma canção cujo título é "A morte". A letra começa assim: "A morte é rainha que reina sozinha".
“Seu sonho realizado, exposto ao voyeurismo desejante de milhões, totalmente projetado na realidade que o cercava, tornou-se de fato o pesadelo da regressão humana ao polimorfo perverso das origens de todos nós, metamorfoseado em espetáculo, hipersensível para todos, sem mais dimensão de intimidade ou interioridade.
...O sonho foi acompanhado universalmente em tempo real.
... Este novo Frankestein espetacular, que realizou em sua metamorfose milionária e sinistra o estatuto autoritário da técnica, do dinheiro e da mercadoria sobre o corpo humano e sobre as relações do sentido das coisas, acabou por virar, e revelar, o pesadelo americano...”
Tales Ab’sáber, “Ruínas do pop”, Folha de São Paulo, 5 de Julho de 2009
A Flip termina hoje, em Paraty; mas continua esta semana aqui no Rio, com a apresentação de alguns convidados em alguns locais de Botafogo e Ipanema. A festa literária que este ano homenageia Manuel Bandeira, encerra com o filme De corpo inteiro (2008, 66 min.), de Nicole Algranti. A obra é uma adaptação do livro homônimo de Clarice Lispector.