e todo caminho deu no mar

e todo caminho deu no mar
"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

sábado, 18 de julho de 2009

Desencontro noturno com a atriz









Ela atua em todas: mini série de TV, programa de humor, teatro, cinema. Vai de som e fúria à grande família, passando pelas centenárias (não esquecer o pequeno dicionário amoroso).

A atriz me dá um exemplar da obra de um autor italiano contemporâneo. O volume possui forma fálica. Tem manchas antigas, amareladas. Parece há tempos em depósito. Ultimamente, este autor tem estado em minha vida. Mas eu nem leio em italiano, meu deus!

Não sei o que quer de mim a atriz. Interesse na minha vida, no meu trabalho? Conversamos no trânsito. Encruzilhadas. Curvas. Grande descampado. Pergunto pelo autor italiano que está um pouco distante de nós - eu e a atriz. É ela quem faz o roteiro. Vem quando quer. Gosto de ler a gruta, tocar o pé. Mas sei do espaço quase nada que me resta.
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Lembro de Roberto Carlos e Roland Barthes. O rei nos anos 80 gravou A atriz: "Chego em casa/Encontro apenas seu perfume/ Alimento certo, nutritivo pro ciúme/ Um bilhete escrito com batom me diz assim: "Entre um take e outro eu telefono pense em mim". Para o autor de Fragmentos de um discurso amoroso, o ciumento sofre 4 vezes: porque é ciumento, porque se reprova de sê-lo, porque teme que o ciúme machuque, porque se deixa dominar por uma banalidade.
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Soares Ponte

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