e todo caminho deu no mar

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"lâmpada para os meus pés é a tua palavra"

sexta-feira, 26 de março de 2010

Cada contexto quer dizer a sua fala













Recebo de um amigo um e-mail que recorta o olhar da ensaísta Beatriz Resende sobre a nova geração de escritores do século XXI. Diz a crítica: "No amor eles são muito defensivos, fechados, não querem se jogar. Não têm uma ideologia, mas reagem de um modo ou de outro de maneira política".

Presto muita atenção nas reações desses jovens. Mesmo sem ideologias, suas reações “políticas” e existenciais fazem pensar. Presto atenção não só nos jovens autores, mas nos jovens alunos, nos jovens em geral. Com elementos novos, possuem outras formas de ler o mundo.

A atuação deles no mercado de trabalho, por exemplo, é marcadamente incisiva. Poucos ou quase nenhum questionamento ético os regem. Eles agem. Nenhum pudor em fazer parte do “sistema”. Para o bem ou para o mal, a maioria desses jovens possui um “projeto” e age em função dele.


Fim da universalidade, das dualidades e ideologias


Quem viveu o final da década de 80, lembra de Cazuza urrando e pedindo uma ideologia para viver. Era comovente. Ali já não havia ideologia nenhuma. Com a queda do muro de Berlim, quebravam-se também as dualidades que nos delimitavam social e ideologicamente.

Fim das dualidades e ideologia. A diferença é que poucos reclamam ou pedem uma para viver. Num universo globalizado onde diferentes povos inscrevem suas múltiplas culturas e leituras éticas, a noção de universalidade – que serviu de base para o projeto moderno – não dá conta da singularidade de cada contexto.

Agora cada contexto quer dizer a sua fala. Comunidades são ouvidas. Nelas, os jovens não precisam que falem ou decidam por eles, como acontecia na ditadura militar. Por isso muita gente boa que pensava, falava e fazia arte em nome dos outros, precisa ora repensar a sua função política, estética e social.

2 comentários:

Bruna Mitrano disse...

Estou lendo "Contemporâneos". Cada dia me apaixono mais pela Beatriz Resende. Que mulher lúcida!

Nonato Gurgel disse...

Bruna querida


saudades de vc, exímia leitora dos
"Contemporâneos"

bjs